O pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) disparou, ontem, contra a chapa do PT-PSB, formada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), afirmando que a união dos dois é um "conchavão" que visa, apenas, impedir a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). A crítica do pedetista viralizou nas redes bolsonaristas, que replicaram o ataque.
Ciro lembrou que a união Lula-Alckmin é a mesma estratégia que levou o ex-presidente Michel Temer a ser vice de Dilma Rousseff. Mais: disse que a chapa encabeçada pelo petista não têm nenhum compromisso com mudanças.
"Juntar tartaruga com arame farpado não dá porco-espinho. Às vezes, adversários podem se reunir, mas, assim, sem explicar nada, um conchavão despolitizado. Para dizer que tudo vai ficar exatamente como está, que 'vamos só tirar as grosserias, as aberrações do Bolsonaro, mas deixar o sistema econômico'".
Segundo Ciro, a união "pode até dar certo", mas é uma "aberração". A participação de Alckmin na chapa de Lula é o ponto central da estratégia do PT para conquistar o eleitorado de centro — tal como já fizera, 20 anos atrás, ao colocar como vice o empresário mineiro José Alencar.
Ciro considera que Lula está "envelhecido nas ideias". Ele avalia, ainda, que a intenção do PT com a união é apenas tirar Alckmin e Guilherme Boulos (PSol) do caminho para eleger Fernando Haddad (PT) ao governo de São Paulo.
Bolsonaristas replicaram as críticas de Ciro a Lula nas redes sociais, e chegaram a chamar Ciro de "cabo eleitoral de Bolsonaro" em grupos no Whatsapp. Eles compartilham vídeos nos quais o pedetista critica os governos petistas e, principalmente, falas nas quais culpa Lula e o PT pela polarização, e até pela crise econômica atual. O pedetista, porém, também é feroz opositor de Bolsonaro e chegou a afirmar, em uma sabatina, que "Bolsonaro é muito pior" que o petista.
Boulos
O pedetista criticou o apoio declarado do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) à chapa Lula-Alckmin. Após decisão oficial de apoio do PSol, em 30 de abril, Boulos passou a utilizar a imagem do petista em sua campanha à Câmara dos Deputados. Chegou até mesmo a discursar ao lado do ex-presidente em ato na ocupação Vila Soma, em Sumaré, em São Paulo.
"O Boulos esculhambava o cara do despejo de Pinheirinho, que foi o Alckmin, e ele, que é do MTST, que invade o terreno de Pinheirinho. Agora está tudo junto, na mesma lambança, comendo no mesmo cocho, como se o problema brasileiro fosse só derrotar o Bolsonaro", afirmou Ciro.
O pedetista se referia ao episódio, em 22 de janeiro de 2012, quando o governo estadual — então nas mãos de Geraldo Alckmin — despejou cerca de 1,6 mil pessoas da comunidade de Pinheiro, em São José dos Campos, São Paulo. A desocupação foi violenta, com o choque da Polícia Militar paulista agredindo moradores para poder desocupar o terreno. O saldo foi que várias pessoas saíram feridas, mas sem gravidade.