A mudança de comando no Ministério de Minas e Energia — com a saída de Bento Albuquerque e a chegada de Adolfo Sachsida — dividiu opiniões no Congresso. Enquanto a base do governo classificou a troca como natural, integrantes da oposição avaliaram o movimento como uma tentativa do presidente Jair Bolsonaro (PL) de desviar o foco de sua responsabilidade sobre a alta de preços dos combustíveis.
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) definiu a mudança como "manobra pirotécnica". Na avaliação do parlamentar, a demissão de Bento Albuquerque é "mais um capítulo de uma novela" em que Bolsonaro acena à sua base de apoiadores. "Ele fez um gesto para os caminhoneiros e seu eleitorado na tentativa de demonstrar que está lutando contra as altas nos preços, demitindo, primeiro, o presidente da Petrobras, e, agora, o ministro de Minas e Energia, quando a única solução para o problema é a demissão do próprio presidente da República", alfinetou.
Na opinião do senador, "os preços dos combustíveis vão continuar em disparada até que, a exemplo de outros países, o governo tenha a coragem de estabelecer algum tipo de política de Estado para conter esse fenômeno". "Até as eleições, veremos mais manobras pirotécnicas como essa, e nenhum efeito positivo para a população, só para agradar a turma dele (Bolsonaro)", acrescentou o líder da minoria no Senado.
O senador Alvaro Dias (Podemos-PR) destacou que a troca do ministro do MME não provocará alterações na estatal. "A substituição de ministro não muda a Petrobras. Só o presidente da República tem esse poder. Ele é responsável por indicar seis dos 11 membros do Conselho Administrativo. Ele tem a maioria, portanto, as decisões da empresa estão ligadas diretamente ao presidente da República", afirmou.
Já o senador Carlos Viana (PL-MG) disse que a troca de ministros é algo "natural" e que Bolsonaro está preparando alterações na Petrobras para o segundo semestre deste ano. "O presidente tem a maneira dele de administrar e pode trocar na hora em que desejar. Ele já está preparando a questão da Petrobras para o segundo semestre, pois, assim que a guerra acabar (...), terminada a crise, vai ter de ter outra forma de lidar com o preço dos combustíveis", frisou.
O deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) disse considerar a troca de ministros uma estratégia do presidente da República para buscar se eximir de desgastes. "O que tem que mudar é o presidente da República e a política de preços da Petrobras. O povo brasileiro ganha em real, mas está pagando gasolina e diesel em dólar. Bolsonaro tenta arrumar um culpado para a alta dos combustíveis. Já que a culpa não pode ser dele, o culpado foi o ministro", disse.
A deputada Bia Kicis (PL-DF) justificou que Bolsonaro está insatisfeito com a postura da Petrobras. "Ao mesmo tempo, ele é avesso a essa história de regular preço. Não vai fazer isso. O presidente não vai interferir, mas tem esperado uma contrapartida da Petrobras, e não veio. Ele escolheu uma outra pessoa, o ministro Sachsida, que é da total confiança, que fez um trabalho excepcional onde estava, na Economia", disse.