No primeiro discurso após o lançamento da pré-candidatura, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos ataques ao sistema eleitoral.
“Não adianta desconfiar de urna. O que você tem é medo de perder e ser preso após as eleições”, disse Lula, em Belo Horizonte. O petista começou a sua incursão pelo país por Minas Gerais, o segundo maior colégio eleitoral do Brasil.
Suscitando o chamado “Brasil real” — fora das questões ligadas ao poder e dentro das necessidades enfrentadas pela população no dia a dia —, Lula disse que quer ser o candidato de um movimento. “Das pessoas que choraram com seus parentes que morreram com a pandemia, das pessoas que ficaram desempregadas, dos 19 milhões que passam fome, dos 16 milhões que têm algum problema de segurança alimentar, dos milhões e milhões de brasileiros que saem para procurar emprego todos os dias e voltam para casa sem ter um emprego. Dos brasileiros que estão trabalhando nos aplicativos sem ter férias, sem seguridade social”, enfatizou.
Lula ainda se referiu à imagem que o Brasil passou a ter no exterior. “Este país era respeitado pelo mundo inteiro e, hoje, virou pária, pois ninguém quer ter contato com esse presidente que não representa o povo brasileiro”, frisou. “Este país nasceu para ser gostado.”
O ex-presidente também fez um chamamento à mobilização do eleitorado mineiro diante da recuperação do atual chefe do Executivo nas pesquisas de intenção de voto.
“Para ganhar essas eleições, precisamos trabalhar. Nós temos que visitar cada rua, loja, agência bancária, porta de fábrica. Precisamos ficar na estação do metrô, do trem, do ponto de ônibus, na rua, onde as pessoas estão passando para conversar com elas, porque nosso adversário mente sete vezes por dia, ele é o rei da fake news, o rei da mentira. Ele conta todo dia mentiras contra o povo brasileiro”, acusou. O pré-candidato também se dirigiu ao eleitorado feminino. “Você tem a maioria em número, agora tem de ser maioria em decisão”, acrescentou.
Mais cedo, Lula defendeu a unidade de partidos e movimentos sindicais em torno de sua candidatura. “Separados, somos fracos. Mas, juntos, temos muito mais força para derrubar este governo”, afirmou.
Lula ganhou as eleições em Minas Gerais em 2002 e 2006, assim como Dilma Rousseff em 2010 e 2014.