Pré-candidatos ao Planalto criticaram as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à revista Time, em que responsabilizou tanto o presidente da Rússia, Vladimir Putin, quanto o da Ucrânia, Volodmir Zelensky, pela guerra no Leste Europeu.
Para o ex-governador Ciro Gomes (PDT) — terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República — "a posição da Rússia tem de ser condenada". "Isso está introduzindo a linguagem da guerra como solução de conflitos. E alguns conflitos potenciais nós precisamos cuidar, porque senão a humanidade vai para a violência de um genocídio, de extinção em massa. Vê se pode a gente tratar o assunto com essa leviandade e demagogia do Lula", disparou, em entrevista à CNN.
O ex-governador paulista João Doria, pré-candidato pelo PSDB, reprovou as falas. "Dizer que Zelensky é tão culpado quanto Putin é exaltar o autoritarismo e depreciar o líder da Ucrânia, vítima de crimes de uma guerra cruel", sustentou, em postagem no Twitter. "Isola o Brasil das posições mais razoáveis do Ocidente. A democracia deve condenar as agressões e o conflito. O mundo quer paz", acrescentou.
O partido de Doria também se manifestou. "As declarações de Lula sobre o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, mostram que o fato de ele se apresentar como o candidato do resgate da democracia brasileira é uma fraude. Sobre Bolsonaro já sabemos, mas a verdade é que Lula sempre concordou com políticas ditatoriais", enfatizou o PSDB.
Desafeto do petista, o ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) — que ainda se coloca como disponível para concorrer ao Planalto — foi outro que condenou as declarações. "Lula, na entrevista na Time, culpa Zelensky, Biden e a União Europeia pela guerra na Ucrânia. Mal disfarça o seu desprezo por Zelensky e a sua preferência por Putin e por regimes autoritários. Esta é a via democrática?", questionou.
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Embaixada
A embaixada da Ucrânia no Brasil também reagiu a Lula. A representação diplomática disse que o petista está "mal informado" e, por isso, será convidado para uma audiência com o encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, senhor Anatoliy Tkach.
"A Embaixada da Ucrânia tem motivos para acreditar que o senhor Luiz Inácio Lula da Silva está mal informado sobre os motivos da guerra da Rússia contra a Ucrânia", diz a representação diplomática em nota. "A Embaixada planeja solicitar formalmente uma audiência do estimado ex-presidente do Brasil", acrescenta. Segundo a representação diplomática, o encontro será para "esclarecer a posição da Ucrânia".
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 para, supostamente, tentar impedir a aproximação do país com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), representação do Ocidente controlada pelos Estados Unidos. A medida foi condenada oficialmente pela Organização das Nações Unidas (ONU) com voto favorável do Brasil, e uma série de sanções econômicas já foram anunciadas pelo mundo em resposta.