Secretário-geral do Partido dos Trabalhadores (PT), o deputado federal Paulo Teixeira (SP) criticou a atuação de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados ao fazer uma sinalização de que o atual chefe do Poder Legislativo não terá o apoio do Executivo se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhar as eleições em outubro. Para Teixeira, Lira está "alimentando jacaré" em referência ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Eu acho que o Arthur Lira é o símbolo desse sistema. Como esse sistema não sobreviverá, caso o Lula ganhe — e acho que ele vai ganhar, certamente, ele vai precisar de outras opções na chefia do Congresso”, disse o deputado, nesta quarta-feira (4/5), em entrevista para o CB.Poder — programa do Correio, em parceria com a TV Brasília.
Em um evento realizado na terça-feira (3) com o partido Solidariedade, Lula disse que Arthur Lira age como se fosse o "imperador do Japão", por apoiar a instalação de um regime semipresidencialista no Brasil. Ele ainda criticou o presidente da Câmara por achar que “pode mandar, inclusive, administrando o orçamento”, segundo o petista.
O secretário-geral do PT endossou as críticas a Arthur Lira. Para ele, o chefe do Legislativo está "alimentando jacaré" ao distribuir dinheiro para outros políticos. O parlamentar também disse na entrevista ser necessário cassar o mandato de Daniel Silveira (PTB-RJ).
“Ele [Lira] está alimentando um jacaré, que é o presidente da República [Jair Bolsonaro]. Jacaré morde, e vai morder muito mais esse país e a ele, que, através do orçamento secreto, está se lambuzando. Distribuindo dinheiro para cá e para lá. Ele tem que colocar em votação a suspensão do mandato de Daniel Silveira, como propôs a comissão de ética.”
Paulo Teixeira ainda comentou que, se for eleito, Lula vai acabar com o ‘orçamento secreto’, apelido conferido às emendas do relator, que surgiram em 2020. “O que o Lula diz é o seguinte: ‘Esqueçam o orçamento secreto. Não vai haver orçamento secreto no meu governo. Até porque isso fere um dos princípios da Constituição, que é o da transparência”, pontuou.
Em resposta às críticas de Lula, Lira falou ontem, em coletiva de imprensa no Salão Nobre, no Congresso Nacional, sobre as emendas de relator-geral (RP9). Ele ainda defendeu o poder do parlamento de legislar sobre o orçamento da União e disse que os contrários a função do Congresso em legislar sobre o Orçamento “vem com intenção de fazer ditadura, de fazer sistemas totalitários no Brasil. O Congresso tem 513 deputados e 81 senadores que conhecem mais o Brasil do que cada ministro indicado no governo do PT ou reeleito do presidente Bolsonaro”, explicou.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro