Jovens estão descrentes com a política do país e o centro do descontentamento seriam os partidos e a polarização. É o que afirma o relatório Juventudes e Democracia na América Latina, da Luminate, realizado em quatro países da América Latina com jovens entre 16 e 24 anos feita no ano passado. O resultado pode ajudar a explicar o afastamento dessa parcela da população do processo eleitoral.
A pesquisa também diferenciou os termos apatia de antipatia democrática. A questão foi pontuada no relatório Centre for the Future of Democracy, da Universidade de Cambridge, que inseriu o Brasil na análise. No primeiro termo, as pessoas têm um ceticismo em relação às instituições democráticas, baixa participação eleitoral e baixo interesse em política. No segundo, o comportamento dos cidadãos se voltaria a uma espécie de apoio ativo a movimentos iliberais que sejam hostis às instituições pluralistas.
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"Nas sociedades em que a juventude não enfrenta discriminação aberta, a apatia seria mais provável, enquanto nas que ela enfrenta exclusão social sistemática, a apatia tem se tornado antipatia. Para os autores, o remédio seria a educação cívica: transmitir os valores da democracia liberal por meio da história da democracia e dos totalitarismos, o que pressupõe que a apatia e antipatia democráticas dos jovens sejam resultados de sua falta de conhecimentos históricos e políticos", observa o estudo.
Engajamento on-line
Para os autores do relatório de Cambridge, uma solução para fisgar novamente o eleitorado jovem seria a educação cívica. "Transmitir os valores da democracia liberal por meio da história da democracia e dos totalitarismos, o que pressupõe que a apatia e antipatia democráticas dos jovens sejam resultados de sua falta de conhecimentos históricos e políticos", analisa.
Outro ponto de busca relevante seria pela proximidade com a realidade das comunidades em que está inserido esse perfil. Há uma propensão ao engajamento on-line com causas, como meio ambiente, feminismo, direitos da população LGBTQI+ e desigualdades. Aliás, esse último quesito foi apontado na pesquisa como um impeditivo à consolidação de uma democracia saudável no Brasil.
“O jovem defende a democracia, as instituições e o voto, mas, de forma geral, o faz de uma forma desapaixonada. Ele está totalmente desconectado dos partidos, que considera corruptos e elitizados, e se sente invisível para eles. É um jovem que se politiza on-line muito mais do que off-line”, destaca Esther Solano, uma das pesquisadoras.
Os especialistas envolvidos em ambos os estudos sustentam que, por meio das entrevistas realizadas, o espaço on-line se tornou o local no qual a juventude tem contato com acontecimentos políticos ou onde começam a ganhar consciência política.
Campanha que incentiva os adolescentes a participarem das eleições, Olha o Barulhinho tem site próprio e foi desenvolvida pela agência Quid, que se apresenta como "um laboratório de comunicação e de mobilização para causas".
Campanha no tinder
Além de influenciadores, artistas e figuras políticas, outros personagens passaram a agir politicamente no espaço. No penúltimo dia do prazo do Superior Tribunal Eleitoral (STE) para tirar o título de eleitor ou regularizar a situação eleitoral, a campanha de adesão ganhou um incentivador inusitado: o Tinder.
A marca lançou a campanha Bota Seu Título Pra Jogo, que mostra ao usuário, enquanto navega na plataforma, mensagens de incentivo para fazer o processo eleitoral e não perder a data de fechamento, 4 de maio.
A ideia é que a pessoa encontre o perfil “Bota Seu Título Pra Jogo” e, ao dar match, seja direcionada para uma mensagem personalizada que explica sobre o processo e oferece um link direto para a checar a situação do título ou regularizá-lo.
Artistas e influenciadores também são parte importante nesse processo. Os participantes da pesquisa feita pela Luminate afirmaram ter começado o interesse por política ao verem comentários em perfis que gostam e com os quais concordam.
“Durante a pesquisa foi possível perceber a importância de influenciadores, das redes sociais e de demais espaços de interação on-line na formação política dos jovens latino-americanos. Os influenciadores, ao se comunicarem de forma muito mais simples, direta e divertida, conseguem engajar seus públicos no apoio a determinadas causas”.