O presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu, nesta terça-feira (31/5), os cantores sertanejos acusados de receber milhões de reais de pequenas prefeituras.
Durante entrevista ao apresentador Ratinho, o presidente disse que que seu governo prioriza artistas em início de carreira e "o sertanejo mais humilde" na hora de distribuir verba pública da Lei Roaunet.
Para Bolsonaro, os artistas conhecidos que usavam a lei hoje estão revoltados com seu governo.
"Nós priorizamos o artista mais de início de carreira, o artista que é sertanejo e que é mais humilde. Isso, obviamente, fez com que artistas conhecidos ficassem revoltados comigo", falou o presidente.
Na semana passada, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) instaurou um procedimento para apurar os cachês de R$ 2,34 milhões a serem pagos pela Prefeitura de Conceição do Mato Dentro, na Região Central de Minas, a cantores sertanejos que se apresentarão no município entre os dias 17 e 23 de junho.
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Os shows integram a programação da 32ª Cavalgada do Jubileu do Senhor Bom Jesus do Matozinhos. Os cachês serão pagos com receita que só pode ser usada com saúde, educação e infraestrutura. Leia mais no fim da reportagem.
O Estado de Minas revelou exclusivamente, na quinta-feira (26/5), que somente Gusttavo Lima faturaria R$ 1,2 milhão em Conceição do Mato Dentro. Após a repercussão negativa, a prefeitura cancelou o show.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) também abriu uma investigação para apurar se houve irregularidades na contratação do cantor pela Prefeitura de Magé. Gusttavo Lima receberá R$ 1 milhão para fazer um show em 8 de junho.
Conforme levantamento da reportagem, a cifra milionária destinada ao artista é quase 10 vezes maior do que a prefeitura da cidade pretende gastar em atividades artísticas e culturais no decorrer deste ano – exatos R$ 104.485,50.
Ainda segundo a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2022, as obras para construção, reforma e ampliação de creches municipais têm somente R$ 72 mil reservados.
Durante conversa com Ratinho, Bolsonaro disse ainda que alguns artistas podiam, antes, pegar R$ 10 milhões pela Lei Rouanet e que não havia prestação de contas desse dinheiro. Essa informação não é verídica, já que os inscritos na lei sempre tiveram de prestar contas.
"Quando eu assumi, alguns artistas podiam pegar até R$ 10 milhões por ano da Lei Rouanet, e ninguém prestava conta de nada. Mas nós, quando assumimos, mudamos para R$ 1 milhão, e eu achei caro ainda. Daí chegou o Mario Frias e baixou pra R$ 500 mil, além de ter colocado critérios", explicou ele.
O debate sobre a verba da Lei Rouanet ressurgiu após o cantor Zé Neto, da dupla com Cristiano, criticar Anitta em um de seus shows. Ele afirmou que recebia o pagamento de suas apresentações com o "dinheiro do povo", e não pela Rouanet.
Depois disso, foram revelados que outros artistas fariam ou fizeram shows para prefeituras.
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