Na ausência do pré-candidato Luciano Bivar (União Brasil), na sabatina do Correio com os pré-candidatos à Presidência deste ano, realizada nesta terça-feira (31/5), os debatedores questionaram a viabilidade da continuidade do União na campanha eleitoral e concordam que a candidatura está patinando frente às demais.
O ponto principal para a afirmação é que, até o momento, Bivar não apresentou ao menos um esboço do plano de governo. Para a colunista Samantha Sallum, a ausência do candidato na sabatina de hoje pode ter relação com a desestruturação do programa da legenda, o que contribui para que o presidenciável não tenha propostas objetivas e definidas para discutir.
A jornalista acredita que o candidato não mostrou a que veio, apesar de possuir diversos trunfos, como maior tempo de TV e alta quantia acumulada para gastar na campanha; além dos palanques em diretórios estratégicos, com Wilson Lima (AM) e ACM Neto (BA).
“O fracasso do União Brasil na terceira via, independentemente do nome que vencesse, limita o debate político no Brasil. Contribuiu para consolidar a polarização e todos reconhecem que isso é ruim, porque simplifica o debate, torna raso e agressivo. Isso não é bom para ninguém. Com o fundo partidário que tem, ele poderia e deveria estar fazendo muito mais”, opinou Carlos Alexandre de Souza, editor de Política do Correio.
Previsões
Editor de primeira página do jornal, Marcelo Agner aposta que a definição do partido na disputa eleitoral virá entre um e dois meses, quando o União Brasil partirá para a negociação do seu apoio e patrimônio com outros candidatos — possivelmente apoiará Jair Bolsonaro (PL) já que Bivar possui um histórico político com o presidente. Foi Bivar quem ofereceu a legenda pela qual o chefe do Executivo foi eleito em 2018.
“Classifico como um cacique político [Bivar]. Ele traça a política de cada legenda com os seus objetivos políticos. Colocou a cara como candidato ao ver que havia uma indefinição grande da terceira via. Para mim, ele está segurando a estrutura do UB para que o patrimônio não se perca em apoios repartidos pelo Brasil inteiro, então puxou a responsabilidade para ele”, explicou.
Mais cedo, nesta terça-feira, em entrevista à rádio do apresentador Carlos Massa, o Ratinho, Bolsonaro manifestou o desejo de se unir ao UB. "O presidente do partido tem um sonho, como ele tinha comigo lá atrás, de ser candidato a vice. Agora, ele se arvora a ser candidato a presidente. Eu gostaria, sim, de ter o União Brasil comigo", declarou o chefe do Executivo.
Isso reforça a tese dos debatedores de que o foco de Bivar está em priorizar as eleições, alianças e acordos no Congresso Nacional. Porém, para Carlos Alexandre, a trajetória poderá levar a um caminho arriscado.
“É um partido que tende a encolher com as eleições majoritárias, a prioridade parece ser para as eleições do Congresso. É um fenômeno que ocorre também com o PSDB, [João] Doria teve que abrir mão de sua candidatura porque a cúpula nacional tinha outros interesses, mas perdeu a oportunidade de se projetar nacionalmente. Acho que o UB corre o risco de cair nesse terreno movediço que se torna o Congresso na hora em que as legendas vão negociar”, concluiu.
Sabatina
O Correio recebe os pré-candidatos à Presidência nesta terça-feira para uma sabatina, na sede do jornal. Cada participante terá em torno de 50 minutos para responder perguntas sobre temas que interessam à toda a sociedade, como situação da economia, trabalho, direitos, segurança pública, saúde e educação. O evento está sendo transmitido ao vivo pelo site e por todas as redes sociais do jornal.
Confira a ordem de participação:
- 10h - Jair Bolsonaro (PL) — (não compareceu)
- 11h - Vera Lúcia (PSTU)
- 12h - Ciro Gomes (PDT)
- 14h - Felipe D'Avila (Novo)
- 15h - Luciano Bivar (União Brasil) — (não compareceu)
- 16h - Sofia Manzano (PCB)
- 17h - Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — (não compareceu)
- 18h - Pablo Marçal (Pros)
- 19h - Simone Tebet (MDB)
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