O presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou de "canalhice" o resultado da recente pesquisa de intenção de votos divulgada pelo Datafolha, que o coloca com 27% e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 48% — podendo vencer a disputa pelo Palácio do Planalto no primeiro turno. Ele também duvidou dos dados da sondagem que o coloca em empate técnico na disputa pelo eleitor evangélico — 47% contra 45% do petista.
"Isso aqui não é fake news, é uma canalhice. Eu sei que não sou unanimidade em lugar nenhum, mas, por exemplo, se fizer pesquisa nas Forças Armadas, séria, não vai dizer que os militares do Brasil estão divididos, que os policiais estão divididos", disse Bolsonaro, na live semanal que foi ao ar na última sexta-feira.
Corroborando o ataque do pai, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), também acusou o instituto de pesquisa de ter vendido o resultado. "Incrível! Bolsonaro em Manaus hoje (ontem). Próxima consulta do Datafolha deverá custar R$ 500 mil", tuitou, junto com imagens do presidente com fieis na Marcha para Jesus 2022, ontem, em Manaus.
Apesar da irritação com o resultado da pesquisa, uma outra, divulgada ontem e realizada pelo instituto Paraná Pesquisas, diz que Bolsonaro tem 39,1% das intenções de voto contra 35% de Lula em São Paulo. Aliados do presidente comemoraram o resultado nas redes sociais e reforçaram os ataques ao Datafolha. O levantamento também aponta Ciro Gomes (PDT) com 5,4% e João Doria (PSDB) — que abandonou a disputa — com 3,9%. Os demais candidatos, como a senadora Simone Tebet (MDB), receberam menos de 2%.
Valores
Em um palanque montado no sambódromo da capital amazonense, Bolsonaro aproveitou o público evangélico para acusar Lula de promover a subversão de valores e de não ter compromisso com princípios religiosos. "Temos um só Deus, um só senhor. Quem serve a dois senhores, não é digno de nos representar. Somos contra a ideologia de gênero, respeitamos nossas crianças em sala de aula. Nós somos contra a liberação das drogas e contra os jogos de azar no Brasil. Sabemos o que o outro lado quer fazer e o que ele fez no passado. Nós não queremos retornar a essa época sombria, quando imperava corrupção, desmando e ataque à família brasileira", disse.
Ao agradecer a presença dos apoiadores, criticou o fechamento de templos religiosos na pandemia e voltou a atacar o "comunismo". "Não aceitamos a nossa bandeira ser vermelha, não aceitamos o comunismo ou o socialismo. Nós daremos a nossa vida pela nossa liberdade. Repudiamos todos aqueles que, por ocasião da pandemia, fecharam igrejas e templos", afirmou.
O presidente aproveitou para se justificar sobre os decretos que baixou, há duas semanas, que reduziam o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em até 35% e que punham fim ao incentivo a empresas responsáveis por produzir concentrados para bebidas na Zona Franca de Manaus. Parlamentares amazonenses e entidades empresariais afirmaram que as medidas traziam prejuízos à região industrial. Os decretos foram suspensos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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