Mourão: "Não existe espaço para golpe"

Correio Braziliense
postado em 26/05/2022 00:01
 (crédito: Bruno Batista/ VPR)
(crédito: Bruno Batista/ VPR)

O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), pré-candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, afirmou que o resultado das eleições 2022 não será questionado com "o Exército na rua". "Não existe espaço para um golpe. Quem diz isso está enlouquecendo", frisou, em conversa, ontem, com empresários, gestores e assessores de investimentos na gestora RPS Capital, cujo relato foi obtido pelo Estadão.

Segundo Mourão, é bobagem questionar a integridade das urnas eletrônicas, como tem sido feito pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados, sem apresentar provas. "Com toda a minha sinceridade, sempre pode ter algum problema. Mas, desde que esse processo teve início (votação pela urna eletrônica), não teve fraude", destacou. "Em um país que não guarda segredo, uma fraude já teria aparecido. É uma bobagem ficar alimentando isso aí."

Ele defendeu, no entanto, a impressão do voto. "Qualquer pessoa quando vai ao banco pode tirar um extrato e conferir se foi aquela operação que fez. Qual seria o problema de acontecer isso na eleição?" questionou.

O general disse ter conversado com o ministro Luís Roberto Barroso, que foi presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até fevereiro deste ano, e que houve a sugestão de chamar as Forças Armadas para participar da Comissão de Transparência das Eleições. "Entre 90 e 100 engenheiros cibernéticos, que defendem o país de ataques hackers diariamente, produziram dois documentos. Um com mais de 400 observações, de caráter menor. E outro com nove aspectos que poderiam ser melhorados. Mas deram um grau de sigilo para todos, e o presidente (Bolsonaro) ficou pressionando para divulgar, mas o tribunal respondeu que não aceitava", afirmou.

De acordo com Mourão, "o problema é que se coloca em discussão que as Forças Armadas estão intervindo, mas não". "Criamos o relatório, fizemos o trabalho, e está encerrado o assunto. Próximo assunto das Forças Armadas é a distribuição das urnas e a segurança do processo eleitoral. É o que ela faz toda vez que acontece uma eleição", ressaltou.

Dúvidas levantadas por militares foram classificadas no TSE, no começo do mês, como manifestação de "opinião".

Terceira via

Na conversa com empresários, Mourão disse não acreditar na terceira via "porque não conquista o povão". "A não ser que um milagre aconteça, mas nem eles conseguem se entender... Não vão passar de 4%, 5% dos votos. A disputa vai ser entre o ex-presidente Lula e Bolsonaro", sustentou.

Mourão também deixou clara a decepção com o papel que conseguiu desempenhar como vice de Bolsonaro. Ele disse que sempre buscou "ser proativo" para cooperar com o governo, principalmente nas questões internacionais. "O presidente criou muitos ruídos achando que eu estava querendo ultrapassá-lo, que eu queria o lugar dele ou coisas do tipo", relatou.

Em razão desses "ruídos", o vice contou ter tido, no fim de 2020, uma conversa reservada com Bolsonaro. "Sentei com ele e disse três coisas de forma direta: 'Eu estou aqui para te ajudar, não quero o seu lugar e se não está satisfeito, eu renuncio amanhã'."

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