Com a desistência do ex-governador João Doria (PSDB) da corrida ao Planalto na segunda-feira (23/5), Ciro Gomes (PDT) tem a oportunidade de abocanhar uma parte do eleitorado tucano. O pedetista viaja na próxima sexta (27/5) justamente para São Paulo. Embora tenha grande aceitação entre os eleitores de Doria, o projeto econômico do pedetista pode ser o principal empecilho para absorver os votos de Doria.
“O que eu acho importante nessa viagem para o Ciro é encontrar lideranças, líderes de partido. Apesar de ser uma coincidência, é um momento super oportuno”, disse ao Correio o diretor de pesquisa da Quaest, Guilherme Russo. “O Doria, na pesquisa Genial/Quaest, variou entre 3% e 5%. Não é pouca coisa. Uma subida dessa seria muito boa, mas o Ciro não vai ganhar todos os votos do Doria”.
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Ciro reinicia a agenda de viagens, adiada após o ex-ministro ter contraído covid-19, por São Paulo. Na sexta, o pedetista visita Americana, Campinas e Jundiaí. No sábado, Ciro participa de eventos na capital paulista. De manhã, vai ao Grajaú, bairro da zona sul, e de tarde ele visita a Cidade Tiradentes, na zona leste.
Diferenças econômicas
Segundo Russo, Ciro tem boa aceitação entre os eleitores de Doria. A pesquisa Genial/Quaest feita em São Paulo e divulgada em 11 de maio apontou que 54% de quem escolheu o tucano também considerava votar no ex-ministro. Há, porém, o desafio de se conquistar o voto de um político com propostas econômicas bastante distintas.
“Essa talvez seja a maior diferença dos dois. O desafeto ao Bolsonaro é comum”, diz o diretor de pesquisa. “Em São Paulo, para o Ciro é muito difícil lidar com os bancos. Ele chega a ser mais mal visto até do que Lula”, completa.
Com a saída de Doria e a terceira via cada vez mais fragmentada, Ciro precisa subir nas pesquisas se quiser provar a viabilidade da candidatura. O pedetista está estacionado no terceiro lugar, orbitando os 8% nas intenções de voto, enquanto a candidatura de Simone Tebet (MDB) pode agregar mais eleitores após a definição como cabeça de chapa. De Doria, porém, a senadora não deve agregar muitos votos: apenas 14% dos eleitores tucanos votariam nela.
“A terceira via não deve ter um destino muito mais exitoso, mesmo com a saída do Doria”, avalia o cientista político e sócio da Tendências Consultoria Rafael Cortez. “Pode aumentar as chances de ter alguma conversa. Tinha um excesso de candidatos, e agora aumenta a chance. Mas a terceira via já se fragmentou”.
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