O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a dizer que "só Deus o tiraria do cargo" durante um discurso repleto de citações religiosas, ontem, na Marcha para Jesus. O evento de evangélicos que voltou a ser realizado após dois anos suspenso devido à pandemia, em Curitiba.
Em cima de um carro de som, Bolsonaro falou ao público da 27ª edição da Marcha para Jesus. Durante o discurso, enumerou algumas das principais bandeiras políticas, exaltando o evento e disparou em referência às eleições presidenciais de 2022. "O Brasil é uma referência para o globo todo. É um país que tem vocação para o futuro sem se descuidar do presente. Nós, juntos, com fé, atingiremos os nossos objetivos. É uma missão que eu tenho e só Deus me tira daquela cadeira (da Presidência da República)", disse.
Além de discursar, o presidente cumprimentou apoiadores presentes ao ato. "A nossa fé é inabalável", afirmou o presidente. Ele também defendeu a liberdade de religião. "Sabemos o quão importante é a liberdade de religião e a de expressão no Brasil. Tenho certeza, assim como entrei como praça (no Exército) há mais de 40 anos, quando jurei dar minha vida pela pátria, que hoje daremos nossa vida pela liberdade. Esse é o bem maior de um país que se diz democrático. Essa é a razão maior de lutarmos pelo nosso objetivo, a liberdade é mais importante que a própria vida, a história nos mostra isso", disse o presidente.
No evento, esteve acompanhado do deputado federal Ricardo Barros (Progressistas) e de lideranças religiosas, como o pastor Silas Malafaia. O presidente também é esperado em encontros semelhantes em Manaus, no dia 28, e em Cuiabá, em 18 de junho.
A Marcha para Jesus é organizada pelo Conselho de Ministros Evangélicos do Paraná (Comep) e tem apoio da prefeitura. O evento não foi realizado presencialmente nos últimos dois anos, devido à pandemia da covid-19.
Bastante popular no Paraná, Bolsonaro chegou a Curitiba ainda na sexta-feira, direto de São Paulo, onde encontrou como bilionário Elon Musk, para anunciar projetos conjuntos de internet e conectividade para a Amazônia.
Na capital paranaense, jantou com o governador Ratinho Jr. (PSD) e fez uma transmissão ao vivo em suas redes sociais na qual aparece em uma pizzaria da cidade. Bolsonaro estava escoltado por segurança, mas se deixou ser fotografado por várias pessoas presentes no local.
Exterior
Ontem, o presidente negou que assinará medida provisória para taxar compras por aplicativos, via redes sociais. Para ele, possíveis irregularidades nesse tipo de transação devem ser combatidas com fiscalização, e não com aumento de impostos.
A declaração ocorre após a informação sobre a taxação de compras em sites internacionais. De acordo com as notícias veiculadas, o governo federal estaria preparando uma MP para fechar o cerco contra a atuação de plataformas digitais como Shopee e AliExpress, por pressão de empresários que se sentem prejudicados com a concorrência do que chamam de "camelódromos digitais".
"Não assinei nenhuma MP para taxar compras por aplicativos como Shopee, AliExpress, Shein etc., como grande parte da mídia vem divulgando. Para possíveis irregularidades nesse serviço, ou outros, a saída deve ser a fiscalização, não o aumento de impostos. Boa tarde a todos!", destacou o presidente.
Em março deste ano, empresários brasileiros entregaram à cúpula do governo o documento "Contrabando Digital", com denúncias contra empresas de fora do país que vendem produtos a pessoas físicas no Brasil. O documento reunia denúncias de "cross border" — prática que consiste na compra on-line de produtos de outros países, principalmente China e Estados Unidos. Os empresários acusam ainda as empresas internacionais de subfaturamento de notas fiscais e de reetiquetagem na Suécia, como tentativa de burlar a fiscalização.
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O Brasil é uma referência para o globo todo. É um país que tem vocação para o futuro sem se descuidar do presente"
Jair Bolsonaro, presidente