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"Conectar" a Amazônia? Especialista detalha viabilidade da tecnologia de Musk

Para Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, o programa pode ajudar Bolsonaro, "apesar de que os especialistas discordam porque o problema do combate ao desmatamento não é a falta de monitoramento"

Agence France-Presse
postado em 20/05/2022 15:09 / atualizado em 20/05/2022 15:09
O governo brasileiro anunciou em novembro que estava negociando um acordo com Musk para que sua empresa Space X proporcionasse internet via satélite na Floresta Amazônica e ajudasse a detectar o desmatamento ilegal -  (crédito: EVARISTO SA e ANGELA WEISS/AFP)
O governo brasileiro anunciou em novembro que estava negociando um acordo com Musk para que sua empresa Space X proporcionasse internet via satélite na Floresta Amazônica e ajudasse a detectar o desmatamento ilegal - (crédito: EVARISTO SA e ANGELA WEISS/AFP)

O bilionário Elon Musk, em visita ao Brasil — nesta sexta-feira (20/5) —, anunciou no Twitter o lançamento de um programa de conexão de internet via satélite para escolas isoladas e de "monitoramento ambiental" da Amazônia, antes de se reunir com o presidente Jair Bolsonaro.

"Super animado por estar no Brasil para o lançamento da Starlink para 19.000 escolas não conectadas em áreas rurais e para o monitoramento ambiental da Amazônia", tuitou o homem mais rico do mundo, que se reúne com Bolsonaro num luxuoso hotel no município de Porto Feliz, no interior de São Paulo.

Desde esta manhã, vários jornalistas aguardavam do lado de fora do hotel Fasano Boa Vista, protegido por várias viaturas da polícia, segundo apurou a AFP.

O governo brasileiro anunciou em novembro que estava negociando um acordo com Musk para que sua empresa Space X proporcionasse internet via satélite na Floresta Amazônica e ajudasse a detectar o desmatamento ilegal.

Na ocasião, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, se reuniu com Musk no Texas, Estados Unidos, e anunciou com uma foto no Twitter que o empresário estaria "em breve" no Brasil.

Desmatamento 

Para Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, o programa pode ajudar Bolsonaro, "apesar de que os especialistas discordam porque o problema do combate ao desmatamento não é a falta de monitoramento".

"O Brasil possui essa tecnologia e é muito mais uma questão de fiscalização, que independe de novas tecnologias que Elon Musk poderia trazer", enfatizou.

Bolsonaro, que pressiona para abrir terras protegidas à agroindústria e mineração, é alvo de críticas dentro e fora do Brasil por sua política ambiental e os recordes de desmatamento e incêndios na Amazônia e outros biomas.

CEO da SpaceX e da Tesla, Musk é atualmente a pessoa mais rica do mundo, segundo a revista Forbes, com uma fortuna estimada em US$ 220 bilhões.

O bilionário anunciou no mês passado seu projeto de compra do Twitter, por 44 bilhões de dólares.

O anúncio da oferta - por enquanto suspensa - foi comemorado com euforia por Bolsonaro e seus seguidores, que aspiram a um menor controle das redes sociais antes das eleições de outubro, quando o presidente buscará um segundo mandato.

Devido à atual política do Twitter, várias postagens de Bolsonaro foram removidas da rede por "desinformação".

"O Musk virou uma espécie de herói do bolsonarismo ao longo das últimas semanas (...) a possível aquisição do Twitter supostamente acabaria com as restrições que estão surgindo em várias redes sociais, inclusive o Twitter", explicou Stuenkel.

Musk disse que sua proposta de compra é motivada pelo desejo de garantir a liberdade de expressão na plataforma e se declarou a favor do fim do veto contra o ex-presidente Donald Trump, imposto após o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021.

A oferta de Musk, no entanto, está suspensa até que o empresário obtenha garantias sobre o número estimado de contas falsas na plataforma, conhecidas como "bots", das quais disse que quer se livrar se assumir o controle da plataforma.


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