JUSTIÇA

Hang é condenado a indenizar funcionária coagida a votar em Bolsonaro

No processo, a defesa da Havan disse que as lives realizadas por Luciano Hang "ocorriam de maneira aleatória e não havia obrigatoriedade em assisti-las ou em votar em seu candidato à Presidência" e que não havia provas de dano moral

Luana Patriolino
postado em 19/05/2022 22:18 / atualizado em 20/05/2022 17:13
Na ação, a ex-colaboradora disse que Hang teria induzido os trabalhadores a seguirem sua recomendação de votar em Bolsonaro, sob pena de serem demitidos -  (crédito: Redes Sociais/Reprodução)
Na ação, a ex-colaboradora disse que Hang teria induzido os trabalhadores a seguirem sua recomendação de votar em Bolsonaro, sob pena de serem demitidos - (crédito: Redes Sociais/Reprodução)

O empresário Luciano Hang, dono das Lojas Havan, foi condenado a indenizar uma funcionária da empresa em R$ 30 mil por coagir a mulher a votar em Jair Bolsonaro (PL), nas eleições de 2018. A decisão foi do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª região — que considerou a postura de Hang como “inadmissível”.

"Luciano Hang dirigiu-se diretamente a seus funcionários, com vistas à induzi-los a votar em seu candidato, eis que, do contrário, suas lojas seriam fechadas e todos perderiam seus empregos, conduta essa ilegal e inadmissível, à medida que afronta a liberdade de voto e assedia moralmente seus funcionários com ameaças de demissão", escreveu a juíza Ivani Contini Bramante.

"O modo de agir da empresa, conforme descrito pelas testemunhas e pela mídia juntada, implica em prática de ato ilícito pela ré, que atingiu a honra da reclamante; a ofensa causou dano moral que deve ser objeto de reparação", disse a magistrada.

Na ação, a ex-colaboradora disse que Hang teria induzido os trabalhadores a seguirem sua recomendação de votar em Bolsonaro, sob pena de serem demitidos. Em um vídeo que circulou internamente na empresa, o empresário disse que se algum candidato “de esquerda” vencesse o pleito, ele iria repensar o plano de crescimento das lojas.

A mulher, que trabalhava como auxiliar de vendas na época, ainda afirmou ter sofrido perseguição por parte de um superior, que fazia provocações e chegou a agredi-la com arranhões. Ela disse também que foi demitida após fazer um boletim de ocorrência.

Resposta da Havan:

No processo, a defesa da Havan disse que as lives realizadas por Luciano Hang "ocorriam de maneira aleatória e não havia obrigatoriedade em assisti-las ou em votar em seu candidato à Presidência" e que não havia provas de dano moral.

Procurada pelo Correio, a Havan disse, em nota, que a decisão da Justiça é baseada em uma posição ideológica e não em técnica. “Não se baseou em fatos e, tampouco, em provas. Tendo em vista que elas inexistem. É importante destacar que processos da mesma natureza na própria Justiça do Trabalho e no Tribunal Superior Eleitoral já reconheceram que não houve nenhum tipo de intimidação ou coação de colaboradores. Perícias e oitivas provaram que nada disso existiu”, disse.

“Portanto, na avaliação do empresário Luciano Hang, a decisão trata-se de uma interpretação ideológica. “Vamos recorrer e temos convicção que Justiça será feita em tribunal superior. A Justiça não pode ter um lado. As minhas considerações sempre foram em defesa do Brasil e de um país melhor para os brasileiros. Com dignidade e liberdade para todos”, afirmou a empresa.

 


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