Em 2018, a debacle da cleptocracia sindicalista do lulopetismo, em conluio com os piores representantes das elites empresarial, política, financeira, cultural e artística do país, sustentada por anos de imprensa servil — no mínimo amiga —, parecia inaugurar novos tempos em que o liberalismo econômico ocuparia o espaço do estatismo corporativista, e os novos ares de direita, ou centro-direita, tomariam o lugar das ideias mofadas do socialismo latino-americano.
A despeito da notória incapacidade ampla, geral e irrestrita de Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, milhões de eleitores apostaram nas promessas de campanha do ‘mito’, que falava tudo o que uma sociedade enfarada de tanta roubalheira, fisiologismo estatal e infortúnios econômicos queria ouvir, e cravaram o 17 na urna eletrônica (à época, sem suspeitas, claro), esperando, como é mesmo?, ‘menos Brasília e mais Brasil’. Contudo, hoje, temos o maior estelionato eleitoral da história.
O lulopetismo foi pródigo em montar uma estrutura de corrupção público-privada jamais vista no ocidente democrático, mas, igualmente, de aparelhamento sindical gigantesco, em que milhões e milhões de trabalhadores sindicalizados sustentavam, compulsoriamente, a máquina eleitoral petista por todo o País. Somados, os bilhões de reais dos empresários corruptos e os bilhões de reais dos trabalhadores servis irrigaram a ‘Era PT’, e fizeram a alegria dos sócios do Poder.
Com a eleição do amigão do Queiroz, o fim do ciclo acima ocorreu ligeiro, e com a não obrigatoriedade do imposto sindical, sem o custeio do governo federal e a ‘expulsão’ do sindicalismo do seio do aparelho estatal, a classe ‘trabalhadora’ (faz-me rir) conheceu o verdadeiro significado do ‘acabou a mamata, porra!’. Porém, a tão sonhada e esperada melhora na prestação pública, e a redução da desigualdade entre servidores do Estado e privados, jamais deu as caras.
Primeiro porque a sucessão laboral ocorreu entre incapazes corporativistas de sindicatos e incapazes corporativistas de quartéis. Ou seja, a costumeira e longínqua ineficiência e ‘dinheiros’ atirados no lixo, ou nos bolsos da tigrada, apenas mudaram de endereço e status social. E segundo porque a cúpula do Poder, ou Poderes, permaneceu inalterada, tornando o chefe do executivo da ocasião seu bibelô, como de praxe. Como bem disse o Capitão Nascimeno, ‘o sistema é foda’.
Atualmente, a sangria do dinheiro dos pobres escorre para os ralos dos militares. Viagra, prótese peniana, picanha superfaturada, cerveja premium, enfim, são apenas a face mais visível dos bilhões de reais anuais que irrigam nossos grandes patriotas. Uma única canetada amiga presidencial, por exemplo, elevou os salários de alguns militares do governo a níveis milionários, literalmente falando (generais receberam até 900 mil reais ano passado, ou 80 mil reais por mês).
Hamilton Mourão, Braga Netto, Augusto Heleno, por exemplo, embolsaram até R$ 350 mil a mais. Joaquim Silva Luna, da Petrobras, chegou a receber R$ 200 mil por mês. Sem contar o cartão corporativo e outras mamatas (ops!). Hoje, cerca de 7 mil militares estão lotados no governo federal em funções ‘nada militares’. Sem contar outros 7 mil em trabalhos temporários. O custo anual com as Forças Armadas (ativa e reserva) ultrapassa os R$ 90 bilhões!!
Mas não acabou (a mamata): enquanto a média salarial dos funcionários públicos federais civis recuou cerca de 9% nos últimos três anos; enquanto a média salarial da iniciativa privada foi para o brejo dos brejos (obviamente daqueles que não perderam o emprego), a média salarial nos quartéis, ou fora deles, subiu quase 6%. Agora, me digam: essa turma tem do que reclamar? Essa turma quer largar o osso? Ah, não vou nem tocar na questão das pensões indevidas, hein!
Particularmente — e já finalizando —, não vejo a menor diferença em atirar dinheiro no lixo, nos sindicatos ou nos quartéis, pois em nenhuma destas situações recebo qualquer tipo de retorno. Militares são melhores ou mais merecedores que sindicalistas? A despeito do asco que tenho pela classe dirigente sindical, na minha opinião, não. A despeito de reconhecer e respeitar os verdadeiros militares, não. Quando se trata de dinheiro me tomado à força, para nada, minha revolta e indignação não poupam categoria alguma.
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