INQUÉRITO DAS FAKE NEWS

Bolsonaro entra com notícia-crime contra Moraes por "abuso de autoridade"

Bolsonaro quer que a Suprema Corte apure o "possível cometimento de delitos" por parte de Moraes, e também requer o envio de cópia integral, volumes principais e anexos "dos inquérito das fake news, dos atos antidemocráticos e das milícias digitais"

Cristiane Noberto
postado em 17/05/2022 22:41 / atualizado em 17/05/2022 22:42
Alexandre de Moraes e Jair Bolsonaro durante encontro -  (crédito: Marcos Corrêa/PR)
Alexandre de Moraes e Jair Bolsonaro durante encontro - (crédito: Marcos Corrêa/PR)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) ingressou na segunda-feira (16/5) com uma notícia-crime contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para que a Corte investigue supostos "abuso de autoridade" no âmbito de inquéritos sob a relatoria do ministro.

Em grupos de mensagens, Bolsonaro disparou o seguinte texto:

- Ajuizei ação no STF contra o Ministro Alexandre de Moraes por abuso de autoridade, levando-se em conta seus sucessivos ataques à Democracia, desrespeito à Constituição e desprezo aos direitos e garantias fundamentais.

“1- Injustificada investigação no inquérito das Fake News, quer pelo seu exagerado prazo, quer pela ausência de fato ilícito;

“2- Por não permitir que a defesa tenha acesso aos autos;

“3- O inquérito das Fake News não respeita o contraditório;

“4- Decretar contra investigados medidas não previstas no Código de Processo Penal, contrariando o Marco Civil da Internet;

“5- Mesmo após a PF ter concluído que o Presidente da República não cometeu crime em sua live, sobre as urnas eletrônicas, o ministro insiste em mantê-lo como investigado.

“Presidente Jair Bolsonaro.

Entenda a dinâmica sobre a notícia-crime

Bolsonaro pede que a Suprema Corte apure o "possível cometimento dos delitos" por parte de Moraes e também requer o envio de cópia integral, volumes principais e apensos (ou anexos) "dos inquérito das fake news, dos atos antidemocráticos e das milícias digitais".

O chefe do Executivo questiona os crimes dos quais é acusado sobre a live ocorrida no dia 29 de julho do ano passado, em que ele fez suposições contra as urnas eletrônicas sem apresentar provas. Bolsonaro aponta que, mesmo depois que a Polícia Federal ter concluído que ele não cometeu crime, continua sendo investigado nos processos.

O advogado Eduardo Magalhães, que escreveu a peça entregue ao presidente do STF, ministro Luiz Fux, diz que há “um evidente excesso” e “uma clara falta de justa causa fundamentada”. Ele alega também não haver “nenhum crime nos fatos investigados” e que são “manifestações livres de pensamento”. A exibição em questão trata-se de declarações de Bolsonaro contra o sistema eleitoral brasileiro nas quais, reiteradamente, disse não ter provas. 

A principal sustentação da defesa de Bolsonaro é relacionada à falta de acesso ao processo. “Vale frisar que, ao todo, entre o primeiro pedido de vistas e a data de hoje, 16.05.22, foram proferidas, ao menos, trinta e seis decisões com a mesma negativa de acesso a elementos probatórios já documentados e utilizados como fundamento para imposição de medidas cautelares, pessoais e probatórias, contra os investigados; os quais — até o presente momento — só tiveram acesso ao Apenso nº 70 do Inquérito nº 4.781 (fake news), mas não possuem conhecimento sobre os volumes principais ou demais apensos de tais autos”, frisou.

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