A decisão do presidente Jair Bolsonaro (PL) em trocar a liderança do Ministério de Minas e Energia surpreendeu integrantes da Esplanada e assessores de Bento Albuquerque. Um dos motivos para o chefe do Executivo substituir o almirante por Adolfo Sachsida, ex-chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia, é a tentativa de se livrar do ônus do aumento dos combustíveis, que a cada dia pesa mais no bolso dos brasileiros em meio ao seu projeto de reeleição.
Bolsonaro sabe que a economia é um dos principais fatores que podem desaboná-lo na corrida ao pleito eleitoral em outubro. Com a inflação em alta, o chefe do Executivo também pressionou publicamente o até então comandante da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, a baixar os valores praticados pela estatal e o substituiu por José Mauro Ferreira Coelho, na tentativa de mostrar que tem agido para estancar a sangria na economia. Porém, a troca não surtiu resultados práticos. Isso porque os preços praticados pela Petrobras são atrelados à inflação internacional e foram agravados com a guerra no leste europeu.
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Ferreira Coelho também já indicou que possivelmente não irá alterar a política de preços da estatal. Em sua posse no último dia 14, ele destacou que o valor de mercado é condição necessária para criação de um ambiente de negócios competitivos, atração de investimentos e novos agentes econômicos no setor, além de garantir o abastecimento do mercado interno. E defendeu, ainda, uma melhor comunicação com a população para que se possa melhorar o entendimento da política de preços da petroleira.
A mudança na direção ocorre dois dias após a Petrobras anunciar novo aumento de 8,87% no preço do diesel nas refinarias, de R$ 4,51 para R$ 4,91 o litro.
Queixa
Em live no último dia 5, alterado, Bolsonaro bradou que os lucros registrados pela Petrobras são "um estupro" e citou nominalmete o então ministro de Energia e o dirigente da estatal.
"Ô, ministro Bento Albuquerque. Senhor José Mauro, diretor da Petrobras: vocês não podem aumentar o preço do diesel. Eu não estou apelando, eu estou fazendo uma constatação levando em conta o lucro abusivo que vocês tem. É um apelo agora: Petrobras não quebre o Brasil. Não aumente o preço do petróleo. Eu não posso intervir, vocês têm lucro, têm gordura. E tem um papel social da Petrobras definido na Constituição."
Na data, a Petrobras divulgou o lucro líquido no primeiro trimestre deste ano: R$ 44,561 bilhões. O valor é 3.718% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Além do preço da gasolina e do diesel, o projeto de gasodutos defendido pelo Centrão, que custará R$ 100 bilhões, foi outra nuance a contribuir para a saída de Bento, que se posicionou contrário à implementação da medida.
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