Ministério de Minas e Energia

Bolsonaro tira Bento de cena para se livrar do peso da alta nos combustíveis

A decisão de Bolsonaro surpreendeu integrantes da Esplanada, e leva em conta o impacto da economia nas eleições de outubro

Ingrid Soares
postado em 11/05/2022 16:01 / atualizado em 11/05/2022 16:02
 (crédito:  Ed Alves/CB/DA.PRESS)
(crédito: Ed Alves/CB/DA.PRESS)

A decisão do presidente Jair Bolsonaro (PL) em trocar a liderança do Ministério de Minas e Energia surpreendeu integrantes da Esplanada e assessores de Bento Albuquerque. Um dos motivos para o chefe do Executivo substituir o almirante por Adolfo Sachsida, ex-chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia, é a tentativa de se livrar do ônus do aumento dos combustíveis, que a cada dia pesa mais no bolso dos brasileiros em meio ao seu projeto de reeleição.

Bolsonaro sabe que a economia é um dos principais fatores que podem desaboná-lo na corrida ao pleito eleitoral em outubro. Com a inflação em alta, o chefe do Executivo também pressionou publicamente o até então comandante da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, a baixar os valores praticados pela estatal e o substituiu por José Mauro Ferreira Coelho, na tentativa de mostrar que tem agido para estancar a sangria na economia. Porém, a troca não surtiu resultados práticos. Isso porque os preços praticados pela Petrobras são atrelados à inflação internacional e foram agravados com a guerra no leste europeu.

Ferreira Coelho também já indicou que possivelmente não irá alterar a política de preços da estatal. Em sua posse no último dia 14, ele destacou que o valor de mercado é condição necessária para criação de um ambiente de negócios competitivos, atração de investimentos e novos agentes econômicos no setor, além de garantir o abastecimento do mercado interno. E defendeu, ainda, uma melhor comunicação com a população para que se possa melhorar o entendimento da política de preços da petroleira.

A mudança na direção ocorre dois dias após a Petrobras anunciar novo aumento de 8,87% no preço do diesel nas refinarias, de R$ 4,51 para R$ 4,91 o litro.

Queixa

Em live no último dia 5, alterado, Bolsonaro bradou que os lucros registrados pela Petrobras são "um estupro" e citou nominalmete o então ministro de Energia e o dirigente da estatal.

"Ô, ministro Bento Albuquerque. Senhor José Mauro, diretor da Petrobras: vocês não podem aumentar o preço do diesel. Eu não estou apelando, eu estou fazendo uma constatação levando em conta o lucro abusivo que vocês tem. É um apelo agora: Petrobras não quebre o Brasil. Não aumente o preço do petróleo. Eu não posso intervir, vocês têm lucro, têm gordura. E tem um papel social da Petrobras definido na Constituição."

Na data, a Petrobras divulgou o lucro líquido no primeiro trimestre deste ano: R$ 44,561 bilhões. O valor é 3.718% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Além do preço da gasolina e do diesel, o projeto de gasodutos defendido pelo Centrão, que custará R$ 100 bilhões, foi outra nuance a contribuir para a saída de Bento, que se posicionou contrário à implementação da medida.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação