ELEIÇÕES

Bolsonaro quer auditoria privada

Chefe do Executivo anuncia que o PL vai contratar uma empresa para auditar as urnas eletrônicas. O acerto teria sido feito com o presidente da legenda. Ministério da Defesa pede que TSE divulgue propostas das Forças Armadas para o pleito

Ingrid Soares
postado em 06/05/2022 00:01

Em nova investida para levantar dúvidas sobre a lisura do sistema eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o PL vai contratar uma empresa para fazer auditoria das urnas eletrônicas nas eleições deste ano. O chefe do Executivo também avalizou o pedido do Ministério da Defesa para que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgue as sugestões feitas pelas Forças Armadas para, supostamente, ampliar a segurança do pleito.

"Estive com o presidente do PL (Valdemar Costa Neto), há poucos dias, e, como está na legislação, nós contrataremos uma empresa para fazer auditoria nas eleições. Deixo claro, até já adianto ao TSE: essa auditoria não vai ser feita após eleições. Uma vez contratada, a empresa já começa a trabalhar. Vai pedir ao TSE uma quantidade grande de informações, vai pedir às FA (Forças Armadas) o trabalho que elas fizeram até agora", disse Bolsonaro, em transmissão ao vivo nas redes sociais. O presidente acrescentou que, se o custo do contrato ficar muito alto, pedirá auxílio a partidos aliados. "Eleições têm que ser realizadas sem qualquer sombra de dúvida", frisou.

Bolsonaro não revelou o nome da empresa que será contratada pelo PL, mas destacou que se trata de uma companhia com atividades no mundo todo. De acordo com ele, a empresa poderá se recusar a prestar serviços no país. "Ela pode falar 'aqui, é impossível auditar' e não fazer o trabalho. Olha a que ponto vamos chegar", disse.

Fraude

O chefe do Executivo ainda ressaltou que as Forças Armadas não serão apenas espectadoras no processo eleitoral e cobrou que o TSE torne público os questionamentos e sugestões dos militares para as eleições de outubro. "O TSE, pelo que nos consta, carimbou de confidencial as sugestões que foram nobres, propostas pelas Forças Armadas para que se reduzisse ao máximo a possibilidade de fraude", disse. "O senhor Barroso (ex-presidente do TSE) disse, há pouco tempo, que as urnas são inexpugnáveis. Ora, se não são passíveis de fraudes, para que esconder esse documento? O que a população quer e é um direito: eleições transparentes, em que o voto do seu João ou da senhora Maria seja contado efetivamente para aquele candidato", alegou.

"Ninguém está duvidando das eleições aqui. Deixo bem claro: ninguém está atacando a democracia ou atacando o egrégio Tribunal Superior Eleitoral. Convidaram as FA, e elas apresentaram suas nobres sugestões. Num primeiro momento, elas apresentaram centenas de vulnerabilidades", ressaltou. "Então, para tapar esse buraco todo, para fechar essa peneira, foram feitas essas sugestões. Já faz bastante tempo, e o TSE não se manifesta", reclamou.

Segundo o presidente, as Forças Armadas tem um "comando de cibernética" com centenas de militares formados nas melhores universidades do Brasil. "Eles fizeram um trabalho bastante apurado", acrescentou.

O chefe do Executivo ironizou na live que sua pressão por mudanças no sistema eleitoral seja para garantir a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto e seu principal adversário político. "Se pesquisa diz que Lula tem 40%, ele vai ganhar. Quero garantir a eleição dele", disse ele, que afirma não acreditar em pesquisas de intenção de voto.

Horas antes, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, enviou ofício ao presidente do TSE, ministro Edson Fachin, no qual pede a divulgação das propostas feitas pelas Forças Armadas para as eleições. Os militares aguardam respostas da Justiça Eleitoral sobre sete sugestões, até agora sigilosas, que ficaram fora do Plano de Ação de Transparência das Eleições. O documento fala em "amplo interesse público em tal questão".

As Forças Armadas enviaram 88 questionamentos à Corte nos últimos oito meses sobre supostas fragilidades do processo eleitoral brasileiro (Com Agência Estado)

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