O encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, rebateu nesta quinta-feira (5/5) as declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a guerra com Rússia, defendendo que elas "não correspondem à situação atual ao nível das relações estratégicas entre Ucrânia e Brasil".
O porta-voz disse ainda que a embaixada ucraniana tenta contato com o Partido dos Trabalhadores, mas ainda não obteve resposta. De acordo com o partido, contudo, o contato ainda não foi recebido.
"A guerra continua já há oito anos com a ocupação ilegal da península da Crimeia. Naquele momento, ninguém falava sobre a Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]", disse o encarregado, em coletiva a jornalistas na tarde de hoje. "Desde então, não recebemos nenhum sinal claro de aprovação, ou da instalação de bases militares. A Ucrânia sempre foi a favor da resolução política e diplomática."
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O ex-presidente Lula afirmou, em entrevista à revista norte-americana Time, publicada ontem, que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky é tão culpado quanto Vladimir Putin pela guerra entre os dois países. O petista criticou, à publicação, a falta de negociação por parte de todos os envolvidos no conflito, citando os Estados Unidos e a União Europeia.
"Temos 220 crianças mortas. Que relação isso tem com a Otan? Que culpa tem a Ucrânia? Por que é independente? [Por que quer] Independentemente de outros países, tomar decisões?", rebateu Tkach.
O encarregado de negócios defendeu ainda não ter havido falta de tentativas para uma resolução pacífica do conflito, nem por parte da Ucrânia nem de seus aliados. “Até esse momento foram feitas seis rodadas de negociação com a Rússia. (...) junto com nossos parceiros, muitos da União Europeia”, disse.
Convite para reunião
A embaixada da Ucrânia atribui as falas de Lula a uma falta de informação sobre o conflito, e se propôs a uma reunião com o ex-presidente para esclarecer a situação. Segundo Anatoliy Tkach, a embaixada tentou entrar em contato com o Partido dos Trabalhadores, mas ainda não obteve resposta.
Procurado, o PT afirmou que ainda não recebeu o contato, e que não se posicionará por enquanto.
“Essas declarações não foram esperadas. Mas nós consideramos que foram feitas por causa de falta de informações objetivas. O pré-candidato não tem todas as informações sobre os acontecimentos na Ucrânia”, comentou o encarregado.
Lula criticou também a atitude de Zelensky na entrevista à Time, e afirmou que “estimular o ódio” contra Putin não vai acabar com a guerra. Para o petista, o presidente ucraniano está “se achando o rei da cocada” e os líderes mundiais deveriam ter uma conversa mais séria com ele. “Ô, cara, você é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer”, sugeriu.
Sobre a fala, Anatoliy Tkach argumentou que todas as ações do presidente ucraniano “tinham objetivos e resultados concretos. Foram tomadas decisões muito importantes de imposição de novas sanções, de mandar armas para a Ucrânia, ajuda financeira e humanitária”, justificou o encarregado.
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