As duas principais pré-candidaturas do autodenominado "centro democrático" passarão por avaliações internas, hoje, em relação à viabilidade eleitoral da empreitada. Mas a possibilidade de formação de uma chapa unificada está cada vez mais distante.
No MDB, a Comissão Executiva do partido analisará os resultados de uma pesquisa qualitativa sobre a performance da senadora Simone Tebet (MS). No PSDB, João Doria (SP) está de volta a Brasília para reunir, em um jantar, a bancada tucana no Congresso, na busca de apoio para levar sua pré-candidatura até a convenção da legenda, no fim de julho.
No MDB, o debate se dá em torno da necessidade de se ter uma candidatura própria à Presidência. Na ala que apoia o pré-candidato do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — concentrada no Nordeste —, a pressão é para que o partido não lance candidatos. O problema é que, nesse caso, há o risco de uma debandada dos diretórios dos estados do Centro-Sul para os palanques estaduais do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Por isso, a cúpula do partido, capitaneada pelo presidente Baleia Rossi (SP), segue em apoio a Tebet, considerada uma candidata capaz de barrar a adesão ao bolsonarismo. Mas poucos acreditam na viabilidade de construção de uma chapa unificada que represente a terceira via, capaz de romper a polarização atual entre Lula e o presidente.
"O MDB sempre quis ter um candidato próprio competitivo, fortalece os palanques estaduais. Mas ter um candidato com 1% ou 2% dos votos enfraquece esses palanques regionais", disse o senador Renan Calheiros (AL), um dos mais ativos defensores do apoio a Lula dentro do partido. Hoje, ele terá um encontro com o ex-presidente Michel Temer para tratar do assunto.
"Pragmaticamente, aumenta a possibilidade de não termos candidato nem apoio oficial", acrescentou.
Na reunião, a Comissão Executiva analisará uma pesquisa qualitativa encomendada pelo MDB sobre o potencial eleitoral de Tebet. Pelo que o Correio apurou, a pesquisa reforçará a capacidade da senadora de encabeçar uma chapa à Presidência, seja com outros partidos de centro ou apenas com apoio da legenda. A baixa rejeição é apontada como um trunfo. "Houve uma impressão errada de que Lula era o preferido do MDB", disse uma fonte do partido no Congresso. "Simone é fundamental. Nem ela nem Baleia (Rossi, presidente da legenda) querem ver o partido embarcando nos palanques de Bolsonaro. Não dá", observou.
Ofensiva
Enquanto patinam as negociações em torno de uma chapa dos partidos de centro, o pré-candidato tucano acelera as conversas para se viabilizar na disputa. Hoje, ele participa de um jantar, em Brasília, com a bancada de parlamentares do PSDB, organizado pelo líder na Câmara, Adolfo Viana (BA) — até então um dos principais incentivadores da candidatura do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite e, agora, visto como um potencial aliado. Por enquanto, Doria não conta com nenhum apoio formal entre os deputados da legenda.
O ex-governador de São Paulo acredita que a propaganda partidária do PSDB no rádio e na tevê, a ofensiva nas redes sociais e as viagens pelo país vão dar a ele os pontinhos que precisa nas pesquisas para convencer o partido a apoiá-lo. No jantar, Doria espera acordar uma trégua do chamado fogo amigo, que não tem economizado nas críticas a ele. Com o cacife da vitória nas prévias tucanas, não dá sinais de que possa desistir da disputa.
O pré-candidato não acredita mais em composição da terceira via, mas assegura que aguardará a decisão do PSDB em relação às negociações do centro democrático.
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