A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passa por um momento de reestruturação às vésperas da oficialização da chapa para as eleições ao Planalto, marcada para o próximo sábado. Com apoio de mais partidos — PSol e Rede Sustentabilidade anunciaram, na semana passada, que estarão ao lado do ex-chefe do Executivo —, a Executiva Nacional do PT se reuniu na última sexta-feira para decidir os caminhos até outubro.
Há, porém, uma crise interna no partido, com a disputa pelo comando da comunicação da campanha. Nos bastidores é dada como certa a saída do jornalista Franklin Martins, resultado de um longo embate dele com o secretário de comunicação do PT, Jilmar Tatto. A gota d'água foi a dispensa do marqueteiro Augusto Fonseca, escolhido pessoalmente por Martins, devido ao descontentamento com as primeiras propagandas para as eleições. O substituto é o publicitário baiano Sidônio Palmeira.
Jilmar Tatto, porém, não é o único a ter embates com Martins. Por não ser filiado ao PT, a influência do jornalista — não somente nas mídias, mas também na estratégia política — não é bem-vista por um setor da legenda. Mesmo deixando a comunicação, porém, ele deve continuar atuando na campanha, já que tem forte relação com o ex-presidente.
As ações atuais estão sendo coordenadas por uma equipe relativamente pequena, muito próxima a Lula. Com o lançamento da chapa, a estrutura necessária será muito maior.
Nos bastidores, o favorito para chefiar a comunicação no lugar de Martins é o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva. Ele foi ministro das Comunicações entre 2015 e 2016, na gestão da então presidente Dilma Rousseff.
Oficialmente, porém, não há definição. Em coletiva de imprensa na última quinta, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que "isso é uma questão interna nossa, fácil de resolver".
Questionada se o nome de Edinho está confirmado, ela afirmou que não. "Nós não temos ainda coordenação, estamos montando. Essa fase da pré-campanha é a direção do PT que está levando, mas nós temos de estruturar. Estamos encaminhados", disse a deputada.
Procurada, a assessoria de Edinho Silva afirmou que o prefeito não recebeu nenhum convite para a campanha presidencial. "Ele está coordenando o programa de governo da campanha ao governo do estado de São Paulo de Fernando Haddad", afirmou.
Investigação
Edinho Silva é investigado por suposta participação num esquema de aquisição irregular de respiradores durante a pandemia. Segundo inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STF), teria ocorrido fraude de R$ 48,7 milhões na compra, pelo Consórcio Nordeste, de 300 equipamentos da China.
Em nota, o prefeito disse lamentar "que tenha sido envolvido no relatório final da CPI da Covid-19 processada no âmbito da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte". Ele afirmou ter sido convocado a comparecer à comissão na condição de testemunha, mas não o fez, respaldado por decisão do Tribunal de Justiça potiguar "garantido direito decorrente da autonomia e independência entre os Poderes que o cargo de prefeito" lhe confere.
"Ao final dos trabalhos, contudo, em franca violação à decisão judicial acima mencionada, a comissão incluiu o prefeito no rol de indiciados pela suposta falta de explicações sobre os fatos", destaca a nota. "As medidas cabíveis contra o indiciamento, inclusive, já foram tomadas", acrescenta.
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