O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a colocar em dúvida o sistema eleitoral brasileiro. O chefe do Executivo disse que "não pode haver suspeições nas eleições" e que "a democracia repousa na tranquilidade e na transparência do sistema eleitoral". A declaração ocorreu durante a cerimônia de comemoração do Dia do Exército.
O evento contou com a presença do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Em discurso velado, Bolsonaro fez menções às eleições de 2022. "Tenho dito que a nossa preocupação é com o cumprimento da Constituição, é com o bem de todos, é com a paz e a harmonia. E todos sabem, Lira e Pacheco, que a alma da democracia repousa na tranquilidade e na transparência do sistema eleitoral. Sistema que deve ser cada vez mais zelado por todos nós e quem dá o norte para todos nós são as urnas que ali fazem surgir não só o presidente da República, bem como a composição do nosso parlamento brasileiro. Não podemos jamais ter eleições no Brasil que sobre ela paire o manto da suspeição", afirmou fazendo referência aos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Bolsonaro ainda cumprimentou o ministro Luís Barroso, frequentemente criticado por ele, dizendo que quando ainda presidente do TSE, convidou as Forças Armadas a participar de todo o processo eleitoral.
"E esse compromisso é de todos nós, presidentes dos poderes, comandantes de força, aqui direcionado ao trabalho do senhor Ministro da Defesa. Todos nós somos importantes, todos nós somos agentes desse processo. Eu tenho certeza que as eleições seguirão o seu ritmo normal. Até porque eu quero cumprimentar aqui o ministro Luís Barroso que, enquanto presidente do TSE, convidou as Forças Armadas a participar de todo o processo eleitoral. O que o povo quer é paz, é tranquilidade, é trabalho, é poder viver em harmonia e trabalhar para que seu país de verdade seja uma grande nação. O papel da Força Armada e do Exército, todos conhecem, não só nos momentos difíceis na esfera política, bem como em outros momentos também, elas sempre estiveram presentes".
O chefe do Executivo voltou a fazer indiretas a ministros do TSE e do STF, como o ministro Alexandre de Moraes, a quem acusa de "jogar fora das quatro linhas da Constituição" e repetiu falas sobre "dar a vida pela liberdade."
'Nós todos um dia, militares, juramos dar a vida pela nossa pátria, se preciso for. E todos nós, povo brasileiro, faremos mais do isso para garantir a nossa liberdade e para garantir que todos, sem exceção, joguem dentro das quatro linhas da nossa Constituição", completou.