CONGRESSO

Rede e PSol protocolam representação contra Eduardo Bolsonaro

Documento foi enviado à presidência da Câmara dos Deputados após o parlamentar ironizar tortura sofrida por jornalista durante a ditadura

Os partidos Rede e PSol protocolaram nesta segunda-feira (4/4) uma representação de decoro parlamentar contra o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Em publicação considerada irônica pelas legendas e “extremamente grave”, o parlamentar disse no último domingo (3), em seu perfil no Twitter, ter pena de cobra usada em tortura da jornalista Míriam Leitão, na ditadura militar.

Em nota, as siglas argumentam que o comentário de Eduardo Bolsonaro é “atentatório contra a democracia”. “É preciso considerar que tais atos atentatórios contra a democracia e os Direitos Humanos são recorrentes por parte do parlamentar Representado. O Deputado Eduardo Bolsonaro já afirmou, em entrevista à jornalista Leda Nagle realizada no YouTube, que, “se a esquerda brasileira radicalizar”, uma resposta pode ser "via um novo AI-5."

O documento ainda classifica a declaração do parlamentar como “extremamente grave” e que “atenta contra a ordem jurídica fixada pela Constituição”. “Sua prática, por conseguinte, é inconstitucional, ilegal e não compatível com a ética e o decoro parlamentar. A cassação de Eduardo Bolsonaro é imperativa e urgente. Não há nenhuma condição moral e política dele permanecer à frente de qualquer cargo público”, reitera o documento.

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Em seu perfil no Twitter, a jornalista agradeceu as manifestações de apoio após o ocorrido. "Fui envolvida por uma onda forte, boa e carinhosa desde domingo. Eu agradeço a todas as pessoas que se manifestaram aqui e por outros caminhos. As mensagens me fortalecem e me ajudam a ter esperança no Brasil e no futuro da democracia, que nos custou tão caro", escreveu.

Durante a ditadura militar no Brasil, a jornalista foi presa e torturada. Em um de seus relatos, Míriam Leitão, que estava grávida à época, conta que foi colocada em uma sala escura com uma cobra.

Dois dias depois de ter sido presa no quartel do Exército em Vila Velha, no Espírito Santo, em dezembro de 1972, ela foi retirada de sua cela e levada para o pátio. Depois de levar chutes e tapas, teve que ficar nua na frente de 10 soldados. Também foi trancada numa sala escura com uma jiboia. “Vi minha sombra projetada cercada de cães e fuzis, e pensei: “Eu sou muito nova para morrer. Quero viver”, contou a jornalista, em depoimento ao jornal O Globo.