Com o PL turbinado pela janela partidária, o já poderoso Centrão ficou ainda mais forte. Os partidos que o compõem ampliaram as bancadas na Câmara e saíram robustecidos para as eleições de outubro. No troca-troca partidário, cuja janela se fechou na última sexta-feira, a sigla à qual o presidente Jair Bolsonaro está filiado passou a ter 75 deputados — antes, contava com 43. O Progressistas (PP) se tornou a segunda bancada da Câmara com 59 parlamentares (eram 42 antes da janela partidária). Já o PT caiu da primeira para a terceira colocação, com 55 integrantes, um a mais.
Os dados são da Justiça Eleitoral e dos partidos, consolidados com o fim do prazo para a janela partidária. O União Brasil, criado a partir da fusão do PSL e DEM, ensaiou tornar-se a maior bancada da Câmara, mas minguou: chegou a ter 81 parlamentares e está, atualmente, com 45. A maioria, quase todos ligados a Bolsonaro, não por acaso foi para o PL. Outros partidos que receberam deputados do União foram Republicanos, PTB, PSD, PSDB, PSC, Pros, PP e MDB.
Com esses números e o apoio do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), os governistas deverão ganhar força para aprovar projetos de interesse do Palácio do Planalto em Plenário. Além disso, garantem a vantagem na distribuição das comissões da Câmara, cuja dança das cadeiras deve ocorrer a partir desta semana.
Antes da janela partidária, o Centrão — PP, PL e Republicanos — contava com 116 parlamentares. Agora, são 180, crescimento exponencial de 55%. Esses três partidos, antes, tinham 22,6% da Câmara, mas, como resultado da janela, formam, agora, 35% da Casa.
Saiba Mais
Chave do cofre
PP, PL e Republicanos acumulam postos-chave na administração federal, que, somados, movimentam R$ 150 bilhões em recursos orçamentários. A ala, conhecida por ser ideologicamente inorgânica, transita entre diferentes núcleos políticos e é um dos alicerces da chamada "governabilidade" — independentemente de quem seja o presidente da República.
A janela partidária é o período de 30 dias, a seis meses das eleições, em que os parlamentares podem mudar de sigla, sem risco de serem punidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a perda do mandato. O dispositivo foi criado em 2015 como uma saída para o troca-troca de legenda, depois que a Justiça eleitoral estabeleceu que o mandato pertence à legenda, e não ao parlamentar.
Ao mesmo tempo em que os partidos do Centrão cresceram, os da esquerda perderam força. O PT ganhou somente um deputado, o PSol encolheu um, o PSB perdeu nove parlamentares e o PCdoB, um.