A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), aproveitou a sessão desta quinta-feira (28/4), para cobrar esclarecimentos sobre a morte de uma menina ianomâmi de 12 anos, em uma comunidade na região de Waikás, em Roraima.
De acordo com informações divulgadas, nesta semana, pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, a criança de 12 anos morreu após ser estuprada por garimpeiros na comunidade, que é uma das mais atingidas pela invasão de mineradores ilegais na Terra Indígena Yanomami.
Cármen Lúcia destacou a gravidade da violência contra os indígenas ao longo dos anos. “Ocorre que a violência e a barbárie praticada contra os indígenas estão ocorrendo há 500 anos, não diferente a violência que vem ocorrendo, especialmente contra as mulheres no Brasil, de uma forma cada vez crescente. Parece que a civilização tem significado apenas para um grupo de homens”, disse.
“O feminicídio no Brasil vem mostrando a média de quatro mulheres mortas a cada dia, como se divulgou neste mês de março. As mulheres indígenas são massacradas sem que a sociedade e o estado tomem as providências eficientes para que se chegue a era dos direitos humanos para todos, não como privilégio de parte da sociedade”, completou a magistrada.
"Essa perversidade, acho, senhor presidente, é a minha palavra, não pode permanecer como dados estatísticos, como fatos normais da vida. Não são. Nem podem permanecer como notícias”, disse a ministra.
"Não é possível calar ou se omitir diante do descalabro de desumanidades criminosamente impostas às mulheres brasileiras, dentre as quais mais ainda as indígenas, que estão sendo mortas pela ferocidade desumana e incontida de alguns”, completou.
O Ministério Público Federal informou que investiga o caso. Segundo o presidente do Condisi-YY, Júnior Hekurari Yanomami, a denúncia também foi encaminhada para o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), e Polícia Federal.
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