O presidente Jair Bolsonaro (PL) sugeriu, ontem, uma eventual suspensão das eleições deste ano se ocorrer "algo anormal". A declaração ocorreu durante evento no Palácio do Planalto.
Segundo Bolsonaro, a suspensão se estenderia a todos os cargos eletivos, incluindo governos estaduais e para a Câmara, Senado. "Não pensem que uma possível suspensão de uma eleição seria só para presidente, isso seria para o Senado, para a Câmara, se tiver algo de anormal", enfatizou.
Bolsonaro disparou contra o ministro Luís Roberto Barroso, ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Barroso, com currículo invejável, não deveria ter tido eleições de 2020 sem a conclusão daquele inquérito que deveria ser sigiloso. Ele mente", afirmou, numa referência ao inquérito da Polícia Federal, vazado pelo próprio Bolsonaro, que apurava suposta invasão de hackers a sistemas do TSE nas eleições de 2018. Em meio às críticas, ele cometeu um ato falho, ao dizer que "o chefe do Executivo mente". "Nas Forças Armadas, se um militar mente, acabou a carreira dele. Temos um chefe do Executivo que mente", acrescentou.
O presidente ainda mencionou uma "sala secreta" da Corte eleitoral. Sem provas, insinuou a fabricação de resultado de eleições. "Dá para acreditar nisso? Uma sala secreta, onde meia dúzia de técnicos dizem no final 'quem ganhou foi esse'", questionou.
Segundo Bolsonaro, uma das sugestões das Forças Armadas no final do inquérito seria uma contagem paralela dos votos no TSE. "Uma das sugestões [no inquérito] seria feita uma ramificação um pouco à direita, um computador das Forças Armadas para contar os votos no Brasil", disse.
Prisão
No evento, o presidente relatou ter recebido informações de que seu filho 02, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), seria preso por disseminação de fake news. Ele criticou o que chamou de cerceamento da liberdade de expressão e das mídias sociais.
"Não atinge apenas a mim. Quem foi meu marqueteiro? Carlos Bolsonaro, que, por várias vezes, chegou (sic) para mim informações de ameaças de prisão por fake news. Vai prender o filho do presidente por fake news? É grave", enfatizou.
Para ele, a privação de liberdade de qualquer brasileiro por "defender o que acredita" é algo grave. A afirmação foi feita em referência ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por atos antidemocráticos e ameaça a ministros da Corte e a instituições. O parlamentar foi beneficiado com indulto presidencial.
"É grave prender qualquer brasileiro, mais grave prender um parlamentar que tem a liberdade para defender o que bem entender e usar da palavra como bem quiser. Isso é liberdade", disse.
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