INVESTIGAÇÃO

Polícia Federal investiga Jair Renan Bolsonaro sobre "bolsa móveis"

Filho 04 do presidente, Jair Renan Bolsonaro é alvo em investigação sobre tráfico de influência e patrocínio de empresarial para seu empreendimento no Mané Garrincha

Correio Braziliense
postado em 20/04/2022 18:33 / atualizado em 20/04/2022 18:34
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Em mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF), empresários foram procurados para pagar obras da sala comercial do filho 04 do presidente Jair Bolsonaro (PL), Jair Renan. O material faz parte do inquérito que apura suspeita de tráfico de influência.

A arquiteta responsável pela obra chegou a ironizar a busca por patrocinadores e disse que pediria "bolsa móveis e bolsa reforma". Agora, a PF investiga se houve “patrocínio na obra”. Outro ponto, 04 teria atuado para intermediar contatos com o governo federal. Ele nega qualquer irregularidade. As informações foram publicadas em uma reportagem do jornal O Globo, nesta quarta-feira (20/4). 

A PF teve acesso a diálogos do WhatsApp entre a arquiteta Tânia Fernandes e o personal trainer Allan Lucena, amigo de Jair Renan e responsável por ajudar na montagem de uma empresa de eventos no estádio Mané Garrincha, em Brasília, para o 04.

Diálogos

Durante uma conversa, em maio de 2020, Allan Lucena diz a Tânia: "Estamos indo, já tem um patrocinador". Em seguida, ela responde: "Oba, preciso de todos os patrocinadores. Veja as cotas para patrocinar a execução". No diálogo, o personal trainer afirma que, quando o orçamento da reforma estiver finalizado, será mais fácil montar as cotas de patrocínio para oferecer aos empresários. "Cota eletrônicos. Cota móveis. Cota reforma. Kkkkkk", escreve ele. A arquiteta, então, responde: "Kkkkk vamos pedir bolsa móveis, bolsa reforma, bolsa família". Allan ainda escreve: "Já já sai na mídia. Filho de presidente pede 'bolsa móveis'".

Follow the money

Segundo as investigações, uma das empresas apontadas como patrocinadoras recebeu, desde 2019, R$ 25,4 milhões em contratos para o fornecimento de móveis como poltronas, cadeiras e mesas de escritório ao governo federal. A PF obteve indícios de que os responsáveis pela reforma buscaram ocultar o nome de Jair Renan no negócio e que negociavam a diminuição no valor da reforma caso não fosse emitida uma nota fiscal. O contrato de prestação de serviços apresentado pela arquiteta era no valor de R$ 9,5 mil, segundo os documentos obtidos pela investigação.

O “follow de money” realizado pela PF levou ao empresário Luís Felipe Belmonte, da Belmonte Sports. "Bom dia Alan, tudo bem? Deixa eu te falar, será que a arquiteta pode preparar um contratinho formalizando o valor a ser repassado que a Belmonte Sports vai repassar esse valor [R$ 9,5 mil]” — áudio encaminhado por Allan para a arquiteta em 2020, sem mencionar autor.

Em junho de 2020, Allan ainda pediu para a arquiteta verificar se o pagamento de Luís Felipe havia sido depositado em sua conta e diz que ele estava abalado psicologicamente, após ter sido alvo de buscas da PF no inquérito dos atos antidemocráticos do Supremo Tribunal Federal (STF).

O empresário Luís Felipe Belmonte é um dos fundadores do Aliança pelo Brasil, partido que abrigaria Bolsonaro. A ida do presidente à legenda, contudo, não deu certo.

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