"A bancada do cocar vai destituir de vez a bancada ruralista". A fala é da líder indígena Sônia Guajajara, pré-candidata a deputada federal pelo PSol, que discursou ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no início da tarde desta terça-feira (12/4), no Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília.
"Queremos começar (o ano eleitoral) participando de um novo projeto, de um novo Brasil. Queremos começar agora essa mudança. Nós decidimos lançar uma bancada indígena para a disputa eleitoral em 2022. A bancada do cocar vai destituir de vez a bancada ruralista”, afirmou.
A ativista ressaltou que os povos originários não podem mais “permitir ficar à margem da condução” do país. Sônia também disse que, por muito tempo, eles não quiseram ocupar os espaços políticos, inclusive daqueles que cuidam dos próprios indígenas, como a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). “Por muito tempo, não aceitamos conduzir a Funai e a Sesai, mas agora é um novo tempo, queremos, sim. (...) Se nos oferecerem ministérios, também vamos aceitar”, disse.
Guajajara também se direcionou ao ex-presidente. “Sabemos o que é injustiça, sabemos o que é prisão. O senhor ficou 518 dias preso. É a mesma sensação que tivemos há mais de 500 anos. A nossa luta é pela garantia e respeito aos povos indígenas. Mas é também uma luta pela retomada da democracia pelo país. Nós lutamos aqui com as representações indígenas de todas as regiões do país, contra esse autoritarismo que quer se instalar”, disse.
Representativade
Atualmente, no Congresso Nacional, há apenas uma deputada indígena: Joênia Wapichana (Rede-RR). Ela foi a primeira representante dos povos originários a ser eleita para um mandato na Câmara Federal e cumpre a primeira legislatura, que começou em 2019.
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas Eleições Gerais de 2018, cerca de 133 indígenas se candidataram a cargos de governador, senador, deputado federal e deputado estadual/distrital. Já para o pleito de 2020, 2.216 nomes dos povos concorreram às prefeituras e câmaras de vereadores do Brasil.
“Não vamos permitir que o Brasil continue nas mãos de uma pessoa que não tem nenhuma responsabilidade com o país, nem com indígenas, com mulheres, nem com lgbt”, frisou Sônia hoje.
A ativista ainda afirmou que o desejo dos indígenas é de que o próximo governo possa atender às reivindicações dos povos originários e que, para isso, é necessária a representação no Congresso. “Que retome as demarcações dos territórios indígenas, as políticas, a nossa participação no controle social das políticas públicas desse país. (Queremos) Política de saúde indígena adequada aos nossos parentes que estão lá na aldeia. (Queremos) Nossos jovens nas universidades e, se possível, permanecer até concluir o ensino superior”, disse.
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