O vereador e youtuber Gabriel Monteiro (PL-RJ) é alvo de uma operação de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (7/4). A Polícia Civil do Rio cumpre mandados de busca e apreensão em endereços ligados a oito pessoas, entre elas, o político, investigado pelo crime de disponibilizar vídeos e fotos com cenas de sexo ou pornografia com criança ou adolescente.
A investigação foi instaurada após o próprio vereador registrar, na 42ª Delegacia de Polícia, em 28 de março, o vazamento de um vídeo em que tem relações sexuais com uma adolescente de 15 anos. O político afirmou à polícia que o ato era consentido pela menina, mas que não sabia a idade dela. A garota, ouvida pela polícia, confirmou a versão. Gabriel acusou ex-funcionários de vazarem os vídeos e afirmou que cinco HDs externos e quatro cartões de memória foram roubados dele.
No entanto, ouvidos pela polícia, seis assessores e ex-assessores da Assembleia afirmaram que Gabriel sabia da idade da garota e que era comum vê-lo com várias menores de idade na casa dele. Uma delas, inclusive, chegava no local vestida em um uniforme de escola e era chamada por ele como “novinha” e “bebê”.
Os agentes da corporação ainda vasculham a casa do parlamentar, na Barra da Tijuca, o gabinete dele na Câmara Municipal do Rio e outros nove endereços ligados a ele, entre assessores, ex-assessores e até mesmo um empresário ligado a ele. Gabriel está em casa e acompanha as buscas.
A autorização do juiz que emitiu o mandado a pedido do delegado Luís Armond, da 42ª DP, permite a apreensão de materiais e outros objetos que possam ser utilizados no crime de gravação e disparo de vídeos íntimos com as adolescentes, como computadores,tablets, notebooks, celulares, kindles, smartphones, HDs, pendrives, CDs e DVDs.
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A quebra de sigilo telefônico e de dados e informações de todos os aparelhos apreendidos também foi autorizada judicialmente. A decisão permite a quebra de sigilo de mensagens em aplicativos de bate-papo, ligações, fotos e arquivos de vídeo compartilhados.
Por volta das 6h20, equipes da Polícia Civil chegaram na casa do vereador e, uma hora depois, deixaram o local com documentos e HDs. Às 7h, foi a vez do gabinete de Gabriel, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, ser vasculhado pelos agentes.
Os policiais também cumprirão o mandado nas residências dos funcionários e ex-funcionários Heitor Monteiro de Nazaré Neto, Matheus Souza de Oliveira, Fábio Neder Fernandes Di Leta, Vinícius Hayden Witeze, Rick Mamede Dantas e do empresário Rafael Sorrilha.
Em meio à crise, o vereador pode perder o mandato na Câmara do Rio. Na tarde de terça-feira (5/4), os sete integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa decidiram apresentar um pedido de cassação do mandato do parlamentar. A solicitação será dirigida à Mesa Diretora da Casa, e se passar com êxito pela Comissão de Justiça e Redação e tiver parecer favorável pelo Conselho de ética, será votada na Ordem do Dia da Câmara.
Funcionários acusam Gabriel de orgias com adolescentes e assédio moral no trabalho
Os assessores e ex-assessores ouvidos pela polícia relataram uma rotina de trabalho exaustiva, sem direito a pausas de almoço, além de serem submetidos estar presentes em festas e orgias realizadas por Gabriel, na maioria das vezes com adolescentes.
De acordo com o Extra, o auxiliar de gabinete Fábio Neder Fernandes Di Leta, que trabalhou com o vereador por 10 meses, contou aos policiais que o trabalho que deveria ser feito no gabinete de Gabriel era feito na residência dele, na Barra da Tijuca, tida como um QG. Lá, os funcionários trabalham todos os dias em uma rotina de publicações para os canais dele no TikTok, Youtube, Twitter, Instagram e Facebook.
Nos fins de semana, de acordo com Fábio, ele passava madrugadas em festas como vereador até 6h, 7h, e que alguns funcionários chegavam a dormir na residência. O ex-auxiliar afirmou que Gabriel costuma se relacionar com garotas de até 18 anos na frente de outras pessoas. Ele disse que conheceu a garota de 15 anos que estava no vídeo vazado.
Fábio conta que Gabriel, assim como todos os outros funcionários, sabia que a menina era menor de 18 anos e que os dois, inclusive, chegaram a se relacionar com outras garotas, algumas também menores. Em uma ocasião, Fábio chegou a ter que levar uma caixa de pílula do dia seguinte na casa da garota.
De acordo com Fábio, as relações sexuais do vereador eram filmadas por Gabriel e armazenada no celular dele e nos HDs, que ficam guardados dentro de um cofre, no quarto dele. A informação foi confirmada pelo ex-assessor de mídia de Gabriel, Mateus Souza de Oliveira.
Mateus conta que era comum ter "festinhas" com mulheres, inclusive menores de idade, na casa do político. O parlamentar exibia os vídeos com adolescentes para os funcionários como "troféus". Já Heitor Monteiro, produtor de gravações e vídeos, deixou o cargo após sofrer assédio moral, como xingamentos, e sexual, ao presenciar atos de masturbação de Gabriel na frente dele, além da prática de sexo oral por mulheres no mesmo ambiente em que trabalhava.
Heitor relatou que o vereador chegou a pedir que ele o acariciasse em todas as regiões do corpo, incluindo sua genitália, o que lhe era negado. O homem diz que Gabriel promovia orgias na casa dele, com mulheres e adolescentes, regadas a drogas, como maconha e ecstasy. A informação foi confirmada por Vinícius Hayden Witeze, que também trabalhou como assessor parlamentar de Gabriel.
Vinicius disse que o político fazia brincadeiras ao dizer que tinha aberto uma creche, ao se referir à presença das adolescentes na casa. O ex-assessor contou à polícia que, em uma dessas festas, encontrou meninas que deixavam o local aos prantos, como se tivessem sido estupradas. Gabriel também enviou a Vinícius dois vídeos pornográficos de duas meninas em um ato sexual. De acordo com ele, era um hábito Gabriel compartilhar esses vídeos com funcionários e seguranças para se vangloriar.
Gabriel monteiro é acusado de estupro por mulheres
O Fantástico, programa jornalístico da TV Globo, divulgou relatos de três mulheres que acusam Gabriel Monteiro de estupro. Os depoimentos foram veiculados no último domingo (3/4). As vítimas preferiram não se identificar.
A primeira conta que sofreu o abuso em 2017, quando Monteiro era apenas policial militar. Ela disse que o homem chegou a colocar a arma na cabeça dela para ela ficar quieta enquanto tinha relações sexuais com ela não consentidas.
“A gente sempre frequentou as mesmas festas na adolescência. E decidimos ficar. Logo depois, nós dois decidimos ir pro carro dele que estava do lado da casa de festas. Estacionado. E começamos o ato sexual, até então consentido, porém, até um certo momento em que ele começou a me dar tapas, socos, a me filmar com o telefone", contou.
"O tempo inteiro eu empurrava o celular, mas ele, mesmo assim, me filmava, tentava filmar minhas partes e meu rosto. Eu comecei a gritar muito e ele pegou a arma e colocou a arma no freio de mão. Próximo ao freio de mão. E eu comecei a me debater, me debatia. Só que ele conseguiu fazer a penetração, tudo, sem camisinha. E, um certo momento, ele colocou a arma na minha cabeça mandando eu ficar quieta”, relatou.
A segunda mulher ouvida pelo programa diz que conheceu o vereador por meio de um aplicativo e se relacionaram consensualmente até o momento em que o vereador não respeitou um pedido dela. "Antes do ato em si, ele disse que não iria por o preservativo. E eu questionei, falei: ‘você tem que colocar, sim, o preservativo'. Nessa hora, ele simplesmente ignorou tudo que eu tinha falado e começou a relação sexual", contou. "Hoje eu tenho a consciência de que, infelizmente, eu fui estuprada. É a primeira vez que eu falo abertamente sobre isso", acrescentou.
Uma terceira mulher afirma ter sido vítima de Gabriel quando ele ainda era apenas policial militar. Na época com 16 anos, ela foi até a casa dele para participar de uma festa. Quando chegou no local, não havia comemoração. Ela viu Gabriel espancar uma mulher, que também caiu no falso convite. Pouco tempo depois, o então PM chamou as duas para um sexo a três.
“Ele foi e falou: vamos para o quarto. Eu falei: eu não quero. Vamos, vai ser legal, por favor, por favor. Aí ela veio também, me chamou e eu fui. Com medo, porque ele tinha acabado de tentar matar ela na minha frente. Eu fui”, explica.
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