Oex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato à Presidência pelo PT, afirmou, ontem, que caso seja eleito em outubro, pretende tirar quase 8 mil militares que ocupam cargos comissionados no governo. A afirmação foi feita em evento na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na capital paulista. O petista é um crítico da ocupação de cargos civis por integrantes das Forças Armadas, que se tornou regra no governo de Jair Bolsonaro (PL).
"Nós vamos ter que começar o governo sabendo que vamos ter que tirar quase 8 mil militares que estão em cargos de pessoas que não prestaram concurso. Vamos ter que tirar. Isso não pode ser motivo de bravata, tem que ser motivo de construção", disse o ex-presidente, quando enumerava os prováveis desafios caso retorne ao Palácio do Planalto.
Não é a primeira vez que Lula critica a atuação do pessoal da caserna. Na semana passada, disse que "o papel dos militares não é puxar saco de Bolsonaro nem de Lula" e que o "Exército não serve para política, ele deve servir para proteger a fronteira e o país de ameaças externas".
Desde que Lula foi apresentado como pré-candidato do PT à Presidência, o partido vem discutindo maneiras para afastar os integrantes das Forças Armadas dos cargos de comissão no governo. Conforme o Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) de julho de 2021, o número de militares em cargos em comissão, no governo Bolsonaro, passou de 1,9 mil em 2018 — último ano da gestão do ex-presidente Michel Temer — para 2,6 mil em 2020, um aumento de 36,8%.
No mesmo evento, Lula disse, também, que a eleição de deputados estará no centro da estratégia petista para as eleições de outubro. Ele destacou que, ainda que vença as eleições deste ano, se a esquerda não tiver uma base forte no Congresso, dificilmente um eventual governo conseguirá avançar em pautas que considera importantes.
"Temos uma tarefa quase heroica, uma coisa revolucionária. Quais são os deputados que vão ser eleitos na cidade em que a gente mora? Como é que a gente vai trabalhar para não deixar eleger pilantras? Como a gente vai fazer para não deixar a direita ter uma maioria?", indagou.
O ex-presidente também citou a nova configuração do Congresso, após as trocas feitas durante a janela partidária. Segundo Lula, os partidos viraram "cooperativas" de deputados. "O que vale é a repartição do fundo eleitoral", afirmou.
Ele afirmou, ainda, que, mais difícil do que vencer as eleições neste ano, vai ser "desfazer o desmonte das instituições" realizado, segundo ele, por Bolsonaro.
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