Em meio à guerra na Ucrânia que ameaça o suprimento de fertilizantes ao agronegócio brasileiro, dependente do insumo russo, a mineradora Potássio Brasil, controlada pelo banco canadense Forbes & Manhattan, buscou apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), na última semana para destravar uma mina de potássio na Amazônia — alvo da Justiça há cinco anos.
O encontro entre executivos da companhia e o presidente teria ocorrido fora da agenda oficial, na segunda-feira da semana passada (28/3), no Palácio do Planalto — em meio à troca de ministro na pasta de Educação e na presidência da Petrobras.
No encontro, segundo informações do jornal Valor Econômico, Bolsonaro esteve acompanhado da então ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para receber o dono do Forbes & Manhattan e presidente do conselho de administração da Potássio do Brasil, Stan Bharti; o presidente da Potássio, Adriano Espeschit; e o assessor de Assuntos Estratégicos da companhia, William Steers.
Encontro anterior
No início de março, representantes da empresa estiveram com Tereza Cristina, em Ottawa, no Canadá, numa agenda com outras empresas e exportadores do setor de mineração, para negociar o fornecimento de mais potássio ao Brasil. Na ocasião, apresentaram o potencial do projeto: produção de 2,44 milhões de toneladas do minério de potássio por ano. A Potássio do Brasil, por sua vez, alega que a mina não é situada em terra indígena, mas, sim, a 8 quilômetros da Terra Indígena Jauary e que a empresa já vem ouvindo os índios Mura.
O projeto de mineração em Autazes, sede da Potássio do Brasil, no Amazonas, está parado desde 2017, por uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), segundo o qual a empresa não ouviu comunidades indígenas locais antes de dar andamento ao empreendimento. Por causa da ação, um acordo firmado com a Justiça Federal exige da companhia uma consulta a 44 aldeias indígenas do povo Mura que vive no entorno.
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Esforços
Não é de hoje que o governo vem demonstrado interesse na exploração em terras indígenas. No mês passado, a base chegou a votar o requerimento de urgência em terras protegidas pelo Estatuto do Índio, em vigor desde 1973, após protestos na Esplanada dos Ministérios para a mineração.
Na noite do protesto que envolveu artistas e a oposição, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), colocou em votação o requerimento e concluiu sua aprovação, mas a matéria ainda não foi votada. O governo também lançou o Plano Nacional de Fertilizantes, que almeja diminuir a dependência brasileira desses insumos e ainda estimular a maior fabricação nacional de adubos.
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