O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (31/3) que não desistirá de sua candidatura à Presidência e que deixará o cargo para concorrer ao Planalto. O anúncio foi feito após um dia de crise no PSDB e de movimentações internas para manter o pré-candidato.
A permanência da candidatura foi anunciada pelo presidente do partido em São Paulo, Marco Vignoli, na 64ª edição do Congresso Estadual de Municípios.
“É hora de enfrentarmos as adversidades coletivamente. Criar uma frente ampla e um time poderoso pelo Brasil e pelos brasileiros”, disse Doria em seu discurso. “Construir, sim, a melhor via para o nosso país, e a melhor via é a via da união, serenidade, do bom senso.”
Para o governador, as pesquisas atuais mostram que nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem a confiança da população, e que é uma “disputa de rejeitados”.
Doria também relembrou sua atuação como governador, especialmente seu papel no combate à pandemia da covid-19, e fez acenos a setores como o do agro e os empresários. Fez ainda críticas aos governos do PT, que culpou pela crise econômica atual, e ao de Bolsonaro.
“Chego até aqui com a satisfação de ter cumprido o dever que assumi com o povo de São Paulo, e paz de espírito por ter seguido os preceitos morais transmitidos pelo meu pai, João Doria. Sem ter sucumbido às vaidades do poder nem as ambições pessoais”, disse o governador.
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"Juntos somos mais fortes, e juntos, governador, iremos em frente", afirmou Marco Vignoli ao anunciar que Doria se mantém na disputa. O evento contou com a participação de mais de 600 prefeitos do estado.
João Doria havia dito a aliados que continuaria no cargo de governador de São Paulo e que deixaria a legenda.
A ideia foi motivada por um racha interno no partido, com alguns membros desrespeitando as prévias realizadas em novembro do ano passado para apoiar a candidatura de Eduardo Leite (PSDB). Segundo fontes dos bastidores, Doria está tendo dificuldade para consolidar seu apoio dentro da legenda.
Um dos principais envolvidos é Rodrigo Garcia, vice-governador de São Paulo, que assumirá em 2 de abril o cargo de governador. A desistência de Doria estragaria seus planos de concorrer ao governo de São Paulo já ocupando a cadeira.
“Estamos aqui para te dizer até breve. Sabemos da importância para o Brasil daquilo que você fez em São Paulo e continuará fazendo no Brasil”, disse Garcia em discurso. Ele reafirmou a parceria com Doria, que também fez acenos a Garcia ao passar o cargo de governador.
“Colega, parceiro, leal, dedicado. Um raro caso de um governador que delega força, poder, e autonomia pro seu vice. E eu fiz isso consciente da responsabilidade e da capacidade do Rodrigo”, disse Doria. “Ao longo desses três anos e três meses, São Paulo teve o privilégio de ser governado por dois governadores”.