Além da questão energética, a soberania alimentar de mais de trinta países preocupa o Conselho Europeu e o G7 (grupo de países mais ricos do mundo) de acordo com os embaixadores da Alemanha, Heiko Thoms, e da França, Brigitte Collet, em coletiva de imprensa realizada em Brasília, nesta terça-feira (29/3).
De acordo com Collet, pelo menos 750 milhões de pessoas desses trinta países da África e do Oriente Médio já começaram a sentir os efeitos da guerra nos países envolvidos no conflito, bem como a ausência de oferta de energia e alimentos oriundos da Ucrânia. Com Rússia e Ucrânia impedidos de produzir alimentos devido ao esforços de guerra, exportações para regiões dependentes estão totalmente prejudicadas.
“São países que dependem em mais de 50% de importações da Rússia e da Ucrânia de trigo, configurando uma crise que pode ser traumática a países que já são frágeis”, disse.
Por isso, os países ricos estão analisando estratégias de investimento para ampliar a produção de alimentos nesses países. “Para permitir que países dependentes de exportação aumentem investimentos em produção sustentável de alimentos”, disse.
O problema apontado para Thoms, embaixador alemão, é que essas são as maiores sanções comerciais aplicadas a um país desde a Segunda Guerra. “Estamos imensamente preocupados com os efeitos da guerra nas nossas fronteiras, mas também em outros lugares do mundo”, destacou.
Embora haja investimentos, a guerra prolongada deverá precarizar ainda mais a condição econômica mundial. “É uma crise global. Não vejo mais chances, vejo riscos. Afinal, todos nós vamos sofrer”.
Refugiados
A embaixadora da França explicou que o país deverá oferecer mais de 100 mil vagas para refugiados, mas alertou para um cenário de quatro milhões de refugiados, dos quais três milhões contingenciados na Polônia. “Como os refugiados não se registram, não podemos afirmar saber quantos eles são, eles apenas vão. Por isso, a solidariedade é importante”.