O presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal, senador Marcelo Castro (MDB-PI), disse que a ausência do ex-ministro Milton Ribeiro ao convite do colegiado na próxima quinta-feira pode resultar em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e que soará como confissão de culpa. Questionado sobre a criação de uma CPI em ano eleitoral, o senador ressaltou que os fatos foram “graves” e devem ser apurados.
“Os fatos são tão graves que falam por si. Os órgãos que podem investigar estão investigando e cabe ao Congresso com a Comissão de Educação fazer o mesmo. A ausência do ministro pode ser caso para uma CPI. Os áudios revelaram que os recursos do FNDE seriam primeiramente para os que mais precisam e em segundo lugar para todos os amigos do pastor Gilmar. Então uma coisa absolutamente esdrúxula, inaceitável que estarreceu todo mundo. O que os pastores estão fazendo pra liberar recursos? O que eles têm a ver com recurso da da educação?”, disse.
Marcelo Castro ressaltou ainda que os motivos para liberação dos recursos foram “nada republicanos”, pois eram feitos a partir de uma troca de favores envolvendo os pastores que negociavam com o ex-ministro Milton Ribeiro.
“O mais graves até agora (é) todos os prefeitos que se manifestaram, as razões para a liberação dos recursos, não vi nenhuma razão republicana. ‘Se você depositar quinze mil na minha conta eu levo o ofício de protocolo. Quando for liberar recurso você me dá um quilo de ouro ou então você deposita o dinheiro na minha conta, ou você compra a Bíblia' onde é que existe republicanismo nisso daí?", questionou.
Perguntado sobre um possível envolvimento de Jair Bolsonaro (PL), Castro diz que não viu envolvimento do presidente, uma vez que Milton Ribeiro desmentiu a primeira versão de que recebeu os pastores por ordem de Bolsonaro. Entretanto, citou uma frase de Ulysses Guimarães para falar sobre uma eventual CPI.
“Vamos apurar o caso, por enquanto não sabemos a extensão dos fatos. Quem estiver implicado nisso daí estará implicado independentemente quem esteja envolvido. Ainda assim, não vejo nada grave do presidente, mas como dizia Ulysses [Guimarães] CPI a gente sabe como começa, mas não sabe como termina”, frisou.