Milton Ribeiro não faz mais parte do governo Bolsonaro, mas ainda poderá dar esclarecimento sobre o "gabinete paralelo" montado sob sua administração à frente do Ministério da Educação. Na condição de convidado, ele poderá comparecer à Comissão de Educação do Senado para responder às denúncias. A sessão está marcada para a próxima quinta-feira, porém o comparecimento dependerá do pastor.
Para o senador Jean Paul Prates (PT-RN), autor do requerimento de convite, a ação do Congresso Nacional e o constrangimento público estão servindo "para que esses processos sejam interrompidos em plena operação".
De acordo com o senador, o pedido de exoneração seria apenas para tentar dizer que não existe corrupção no governo. O parlamentar comparou o movimento a outras pastas, como Saúde e Justiça, que já tiveram ministros exonerados para evitar a arguição.
O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PSD-AM), define como um "escândalo" a recente crise no MEC. "É algo com impacto eleitoral, envolvendo educação, propina e a base evangélica, que é tão estratégica para o Bolsonaro", afirmou o parlamentar.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) avalia que o governo Bolsonaro é "mergulhado na corrupção desde o inicio", e cita como exemplos o Caso Queiroz e as denúncias de rachadinha. "A corrupção é a marca do governo Bolsonaro. Eu não acredito na viabilidade da candidatura dele, que hoje se esforça para manter os 20% de intenção de voto que já tem. Bolsonaro está mais preocupado em não ser preso", disse.
Presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, o deputado federal Professor Israel Batista (PV-DF), também comentou a saída do titular do MEC. "O presidente Bolsonaro, na live da semana passada, disse que colocaria a "cara no fogo" pelo ministro Milton Ribeiro, mesmo depois das gravíssimas denúncias. Hoje (Ontem), o ministro pede o afastamento do cargo. O que mudou de lá para cá?", questionou o parlamentar.
"Nós já entendemos as articulações e o modus operandi no MEC, e sabemos que não virá algo melhor para o comando da pasta. Sem dúvida, a saída é um respiro e um sinal de vitória não só da bancada da educação no Congresso, mas da sociedade civil estarrecida com as denúncias dos últimos dias. No MEC, eles têm podido muito, mas não podem tudo!", finalizou Israel Batista.