Após comentários de que a bancada evangélica estaria dividida em decorrência da crise no Ministério da Educação (MEC), o presidente da Frente Parlamentar Evangélica se manifestou. Na tarde desta quarta-feira (23/3), o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) falou à imprensa que não há dúvidas de que, no áudio, é a voz do ministro da Educação Milton Ribeiro, e que as manifestações divulgadas pela pasta são insuficientes.
“O que precisa ser esclarecido ainda é justamente a fala final do ministro [no áudio], quando ele fala dos recursos para a igreja. Todos nós sabemos que no ministério é impossível fazer repasse de recursos de qualquer ministério à Igreja. Eu não vi na nota, ou nenhum posicionamento dele, público, explicando essa fala”, argumenta o deputado. “O que tem a ver recursos para a igreja com recursos advindos do governo federal?”, questiona.
O parlamentar ainda comentou que conversou com o ministro pela manhã “por cinco ou 10 minutos”, e que, assim que houve a divulgação do áudio, na manhã de terça-feira (22), fez contato com o ministro. “Falei com ele: ‘ministro, estou indo para Brasília, eu faço um compromisso com o senhor, porque eu confio que o senhor vai esclarecer todos os fatos, de que, em 24 horas, não vou fazer nenhum tipo de declaração para esperar os seus esclarecimentos’”, explicou.
Ao verificar que a nota não supria o esclarecimento, o parlamentar optou por repercutir com a bancada evangélica em busca de posicionamento. “Outra coisa que precisamos é que o ministro esclareça quais os atos que ele está tomando para investigar possível desvio de conduta dessas pessoas envolvidas no caso”, pontua.
Bolsonaro
Quando questionado se haverá ruptura com o presidente Jair Bolsonaro (PL) caso venha a ser comprovada a veracidade dos fatos, o parlamentar afirmou que o alinhamento é ideológico. “A bancada evangélica tem alinhamento ideológico com o governo. Eu entendo que o alinhamento de governo com o parlamento passa muito mais por partidos do que por bancadas”, define. “Não são episódios isolados ou trechos de falas que vão nos divorciar de nossos objetivos”, frisa.
A respeito da fala de que as prioridades eram “um pedido” de Bolsonaro, o parlamentar afirmou que é característico do linguajar comum na política. “Isso é normal no trato político. Normal de todos os ministros. Não acho que ele mentiu. Mas, entendo que o presidente Bolsonaro vai falar oportunamente se julgar necessário”, conclui.
Por fim, o deputado garantiu que aguarda as devidas apurações para que “possam inocentar em caso de inocentes, os envolvidos. Ou, se em caso de ficar provado ato ilícito, que sejam exemplarmente punidos, porque nós não seremos coniventes com erros de quem quer que seja”.