Enquanto as eleições ainda não começam oficialmente, as pesquisas de intenção de voto divulgadas por diferentes institutos são termômetros do pleito deste ano -, já polarizado entre o ex-presidente Lula e o atual Jair Bolsonaro.
Conforme a última pesquisa Genial/Quaest, divulgada em 16 de março, Bolsonaro ganhou algum fôlego eleitoral. Lula se mantém na liderança com 46% das intenções de voto, contra 26% de Bolsonaro, mas o mandatário ganhou dois pontos percentuais no limite da margem de erro da pesquisa em relação à pesquisa do último mês.
Já a pesquisa do Instituto Ipespe divulgada em (11/3), também apontou uma redução entre ambos. Lula com 43% e Bolsonaro com 28%, 15 pontos percentuais. A redução foi de 5 pontos percentuais em relação à primeira pesquisa do ano, divulgada em janeiro. Na época, a diferença era de 20 pontos percentuais.
De acordo com Camila Moreno, membro da Comissão Executiva Nacional do PT, a expectativa é que a eleição seja polarizada, devido à ausência de uma terceira via competitiva, "explica um pouco também essa última subida de Bolsonaro nas pesquisas, Sergio Moro e Ciro Gomes não crescem”, disse. Ela ainda explicou que o foco da campanha do ex-presidente será a retomada econômica e políticas sociais. “Curioso que o Auxílio Brasil justifique justamente o crescimento dos que foram contra as políticas de transferência, não eram eleitorais”, observou.
Ainda ao Correio, Jilmar Tatto, secretário nacional de Comunicação do partido, contou que na próxima semana haverá uma reunião sobre a tática eleitoral que a sigla adotará neste pleito. “Avaliamos que esta será uma campanha plebiscitária. Iremos debater palanques estaduais. A terceira via não preocupa o partido, só Jair Bolsonaro, devido ao ambiente polarizado”, pontuou. Para o secretário, em função dessa polarização, o eleitor acabará decidindo entre os dois. “Vamos trabalhar dentro deste quadro eleitoral”, afirmou. Os eleitores de Lula e Bolsonaro são difíceis de mudar. O grande desafio para o partido é pegar os indecisos”, destacou.
Segundo o cientista político André Rosa, o crescimento de Jair Bolsonaro nas pesquisas é natural, conforme o pleito se aproxima. "Ele é um pré-candidato que tem nas mãos a máquina pública e é natural esse crescimento conforme as eleições vão se afunilando”, disse. Rosa destacou que Lula capturou os votos do eleitorado progressista, já Bolsonaro de uma ala mais conservadora. “Há pouco espaço para o Ciro Gomes entre os progressistas. Bolsonaro puxa os votos de Sergio Moro, João Doria e dos indecisos à centro-direita. Essa captura tem explicação, os eleitores não conhecem os candidatos dessa centro-direita e por isso, essa posição pró-bolsonaro. Não pela popularidade dele, mas pelo desconhecimento dos demais”, explicou. Ele ainda destacou que a esquerda não tem outro candidato competitivo a não ser Lula, enquanto a direita segue fragmentada.
O deputado e ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse nada está garantido. “No cenário de segundo turno, o Lula derrota seus adversários, mas não podemos concluir que a eleição está ganha”, disse. O parlamentar explicou que o PL de Valdemar Costa Neto está fazendo sua base de deputados, mas também os da base do governo e do centrão “um número considerável de deputados. Eu diria o PL, PP, os partidos da base”, explicou. Chinaglia observou que o puxador de votos às siglas é Bolsonaro devido à sua projeção. “Com todo o respeito aos partidos, mas quem puxa voto é o Bolsonaro. Não dá para lançar um candidato à presidência se ele não puxar votos. Para eles é Bolsonaro, para nós é Lula”, concluiu.