O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido) confirmou, ontem, que vai se filiar ao PSB. Com a decisão, o ex-tucano ficará mais próximo de compor chapa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a disputa ao Palácio do Planalto. A aliança vem sendo negociada desde meados do ano passado. A filiação está marcada para a próxima quarta-feira, em Brasília.
O anúncio foi feito por Alckmin nas redes sociais. "O tempo da mudança chegou! Depois de conversar muito e ouvir muito, eu decidi caminhar com o Partido Socialista Brasileiro. O momento exige grandeza política, espírito público e união", escreveu. Na postagem, ele citou uma frase do ex-governador Eduardo Campos, que morreu num acidente de avião durante a campanha para as eleições de 2014: "Não vamos desistir do Brasil".
Alckmin ressaltou que a política precisa enxergar as pessoas. "Não vamos deixar ninguém para trás. Nosso trabalho para ajudar a construir um país mais justo e pronto para o enfrentamento dos desafios que estão postos está só começando", acrescentou. Além do PSB, ele recebeu convite do PV e do Solidariedade desde que se desfiliou do PSDB.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, já havia antecipado, no início do mês, a decisão de Alckmin. Ontem, ele comemorou o anúncio oficial. "Um quadro político importante para nosso partido e o país, neste momento em que precisamos unir forças para mudar o Brasil! Bem-vindo, companheiro!", saudou.
Outros integrantes do partido também aprovaram. O deputado Júlio Delgado (MG) disse que o ingresso de Alckmin é "uma grande conquista". Já o deputado Rodrigo Agostinho (SP) enfatizou que o ex-governador tem "experiência no campo democrático" e levará para a legenda "diversidade de ideias".
Sobre a chapa presidencial, o parlamentar enfatizou que sempre defendeu uma candidatura própria do partido. "Mas o cenário nacional caminha para essa direção (Lula-Alckmin). Eu considero importante que o processo eleitoral seja pautado pela diversidade de ideias. Dentro da mesma corrente ideológica, ter pessoas que pensam de forma diferente enriquece o debate, o que acontece com a entrada do Alckmin nesse processo", ressaltou.
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Preocupação
Do lado do PT, há pressão para que Lula oficialize logo a candidatura. Entre as preocupações está a reação do presidente Jair Bolsonaro (PL) em pesquisas de intenção de voto. Na mais recente, da Genial/Quaest, divulgada na quarta-feira, o petista mantém a liderança, com 46%, contra 26% do atual chefe do Executivo — mas ele ganhou dois pontos percentuais no limite da margem de erro em relação ao levantamento do mês passado.
De acordo com Camila Moreno, integrante da Comissão Executiva Nacional do PT, a expectativa é que a eleição seja mesmo polarizada, devido à ausência de uma terceira via competitiva. "Isso explica um pouco, também, essa última subida de Bolsonaro nas pesquisas: Sergio Moro (Podemos) e Ciro Gomes (PDT) não crescem", disse.
Por sua vez, Jilmar Tatto, secretário nacional de comunicação do PT, informou que, na próxima semana, haverá uma reunião sobre a tática eleitoral que a sigla adotará. "Avaliamos que esta será uma campanha plebiscitária. Vamos debater palanques estaduais. A terceira via não preocupa o partido, só Jair Bolsonaro, devido ao ambiente polarizado", pontuou. "Vamos trabalhar dentro desse quadro eleitoral. Os eleitores de Lula e Bolsonaro são difíceis de mudar. O grande desafio para o partido é pegar os indecisos."