A Petrobras se defendeu, ontem, dos ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro e por figuras de proa do Centrão — como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-Al) —, que acusam a empresa de ser "insensível" e de não "ter compromisso social" pelos aumento nos preços dos combustíveis, realizado no último dia 11. Por meio de nota, a estatal esclareceu que repassou apenas uma parte da forte alta do petróleo no mercado internacional.
De acordo com a Petrobras, o aumento da demanda por combustíveis em todo o mundo segue com "elevada volatilidade" devido aos impactos da pandemia de covid-19 e, mais recentemente, pela invasão da Ucrânia pela Rússia. O tom moderado da explicação dada pela empresa deixa claro que não pretende entrar em rota de colisão com Bolsonaro e figuras próximas do presidente.
"A Petrobras tem sensibilidade quanto aos impactos dos preços na sociedade e mantém monitoramento diário do mercado neste momento desafiador e de alta volatilidade, não podendo antecipar decisões sobre manutenção ou ajustes de preços", salientou.
A nota diz, ainda, que o ataque russo à guerra trouxe um ambiente de incerteza, que gerou aumento na demanda por combustíveis em todo mundo. Isso, segundo a petroleira, reforça a importância de o Brasil seguir a política de preços alinhada ao mercado global — o chamado Preço de Paridade de Importação (PPI) — para "assegurar a normalidade do abastecimento" do mercado interno e reduzir os riscos de falta de derivados de petróleo.
Na live da última quinta-feira, Bolsonaro voltou a criticar a empresa e o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna — que tem mandado concedido pelo Conselho de Administração até 2023. Deu a entender que não depende dele a troca no comando da empresa, mas pediu aos consumidores que pressionem os dirigentes da estatal.
"Se eu quiser, hoje, trocar o presidente da Petrobras não posso trocar. A Petrobras é praticamente independente. Então, cobrem da Petrobras", disse.