O novo diretor-geral da Polícia Federal, Márcio Nunes de Oliveira, trocou, ontem, o responsável pela Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção (Dicor). O setor é considerado um dos mais importantes da corporação, pois investiga parlamentares e autoridades com foro privilegiado. Luis Flávio Zampronha, no cargo desde abril do ano passado, dá lugar a Caio Rodrigo Pellim, conforme publicação no Diário Oficial da União.
A Dicor conduz investigações que envolvem o presidente Jair Bolsonaro (PL) e dois dos seus filhos, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Entre os inquéritos estão o das fake news e o que apura suposta interferência do chefe do Executivo no comando da corporação para proteger familiares e aliados — conforme denúncia do ex-ministro da Justiça Sergio Moro. O último tinha encerramento marcado para 27 de janeiro, mas foi prorrogado por 90 dias pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Antes de assumir a Dicor, Pellim atuava como superintendente da PF no Ceará e já exerceu a mesma função em Rondônia e no Rio Grande do Norte.
O anúncio ocorreu menos de um mês depois da nomeação de Márcio Nunes de Oliveira para comandar a instituição — o quarto a assumir o cargo na gestão Bolsonaro, após Maurício Valeixo, Rolando de Souza e Paulo Maiurino. Nunes Oliveira é amigo do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.
Quando Nunes Oliveira foi nomeado, entidades representantes da corporação expressaram preocupação com as constantes mudanças na cúpula. Para elas, as sucessivas trocas provocam "consequências administrativas e de gestão, que podem prejudicar a celeridade e a continuidade do trabalho de excelência apresentado pela PF".
No DOU também foi publicada a mudança na Diretoria de Gestão de Pessoal da PF. O delegado Oswaldo Paiva da Costa Gomide foi trocado pela delegada Mariana Paranhos Calderon.