Período em que os parlamentares podem trocar de partido sem perder o mandato, a janela partidária tem rendido bons momentos ao presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto. E o cacique não esconde sua gratidão ao presidente Jair Bolsonaro, que se filiou ao partido para concorrer à reeleição neste ano. Em discurso a aliados ontem, em Brasília, durante a adesão da deputada Carla Zambelli (SP) e de outros parlamentares à legenda, ele deixou claro que o chefe do Executivo resgatou o PL do buraco.
"Ninguém esperava que, com a entrada do Bolsonaro, ia ser esse fluxo, nem o pessoal do PP, nem o pessoal do Republicanos. Fomos para o buraco, mas crescemos de novo. Nunca pensei que íamos chegar aonde estamos chegando. O eleitor do Bolsonaro é fiel e, aconteça o que acontecer, o resultado vai vir. Por isso, temos que ser fiéis a Bolsonaro, fazendo tudo o que ele pedir, tudo o que ele precisa, solucionar problemas em alguns estados para podermos retribuir tudo o que ele fez para nós", afirmou na sede do PL, no Brasil 21.
Costa Neto está feliz e não disfarça. Em conversa reservada a correligionários no evento, o cacique ironizou o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP. "Estávamos disputando o Republicanos, mas ninguém imaginava o que está sendo. Chego lá e o Ciro não quer nem olhar para a minha cara. O Ciro é tão educado, um querido, mas nem ele aguenta (saber que está perdendo a disputa por deputados)", disse ele, sorridente.
Segundo Costa Neto, o PL está crescendo muito além do que ele imaginava, deixando todos os partidos do grupo mais fisiológico do Congresso para trás. A perspectiva, afirmou, era de que o PL atraísse, depois da filiação de Bolsonaro à legenda, integrantes do Republicanos. Mas as adesões estão vindo de todos os lados.
Valdemar Costa Neto deixou claro que Ciro Nogueira acreditava que o PP seria o grande beneficiado pela janela partidária. Afinal, o PP tem o controle da Câmara, com o presidente da Casa, Arthur Lira (AL), está sentado sobre o orçamento secreto e tem a Casa Civil, com Nogueira, que controla o Orçamento federal.
Quem está vencendo todas, porém, é o PL, que, com as recentes filiações, está próximo de se tornar o maior partido da Câmara, superando o União Brasil, resultado da fusão do DEM com o PSL. Pulando de três para 10 senadores, também está perto de desfrutar da maior bancada no Senado. A expectativa, na semana passada, era de agregar 60 deputados. Ontem, o número saltou para 65.
Gratidão
Em seu discurso, aproveitou para reverenciar o chefe do Executivo. "Bolsonaro mostrou que tem prestígio. Devagar, ele está crescendo nas pesquisas e, se nós pudermos mostrar um pouco só do que ele já fez pelo Brasil, vai ser muito importante para a reeleição dele", assinalou.
Na avaliação de Costa Neto, daqui a 15 dias, quando acabar a janela partidária, será possível ter a noção clara do tamanho do PL. "Isso vai ter um grande impulso na campanha do Bolsonaro. E aí você pode aguentar a imprensa, bordoada em cima da gente. Não vai ter jeito. quando virem isso aí, quando perceberem que o partido cresceu, que vamos ajudar o presidente Bolsonaro, nós podemos esperar a volta (reeleição), não vai ter jeito."