O senador Alessandro Vieira (SE) anunciou que deixará o Cidadania. Alegou que o partido rompeu o "compromisso com a renovação" ao mudar o estatuto e permitir que o presidente da sigla, Roberto Freire, seja mantido no cargo por 34 anos.
Em reunião do Congresso Nacional do Cidadania, ocorrida ontem, Freire apresentou uma versão nova do estatuto, que aumentaria em mais dois anos o cargo dele na presidência da legenda. No total, ele ficará 34 anos na direção partidária, entre PCB, PPS e Cidadania. Ainda que o parlamentar não assuma o desgaste com o cacique, aliados afirmam que Freire é "muito autoritário" e, durante a reunião, podia ouvir várias outras manifestações contrárias dos correligionários que não foram levadas em consideração.
Ontem, o senador afirmou não concordar com a postura do presidente. "O Brasil exige renovação na política e o Cidadania responde mudando seu estatuto e garantindo a permanência de Roberto Freire por 34 anos na presidência. Por evidente incompatibilidade, manifesto minha desfiliação do partido. A democracia exige espírito público e desprendimento", escreveu.
Em nota, sem citar diretamente Freire, o senador criticou quem investe "na manutenção de seus feudos e privilégios, retardando ou mesmo impedindo a formação e consolidação de novas lideranças".
Vieira diz que a atitude abre espaço para "populistas irresponsáveis". O senador lembrou que ingressou na legenda em 2018 para materializar a vontade de renovação, que estava manifesta no estatuto do Cidadania. Contudo, ele acusa um rompimento com o compromisso de renovação.
Ao deixar a legenda, Vieira deixa de ser pré-candidato à presidência da República pelo partido. Contudo, aliados do senador afirmam que ele ainda cogita concorrer ao pleito.
O parlamentar também aproveitou para manifestar respeito às senadoras Eliziane Gama (MA) e Leila Barros (DF) a quem disse que conviveu de "forma muito proveitosa nos últimos anos".
Leila anunciou a desfiliação do Cidadania no último dia 7. A senadora usou a falta de consenso relacionada à federação partidária para deixar a sigla. Aliados afirmam que a união da sigla com o PSDB poderia dificultar uma possível candidatura da senadora ao Governo do Distrito Federal, uma vez que o PSDB pode indicar um nome para a disputa, como o do senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Leila está com conversas adiantadas com PDT e PV.
Freire comentou a saída de Vieira. "Lamento a decisão do senador Alessandro, único voto contra o novo Diretório Nacional. Teve todo espaço no Cidadania para construir a candidatura e o partido em Sergipe, que comanda desde a chegada. Renovação não é questão de idade, mas de agenda. Política é vitória e derrota. Sorte", escreveu.