O prefeito de Itaituba (PA), Valmir Climaco (MDB), se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais entre domingo (6/3) e segunda-feira (7/3) após vídeos em que ele parece estar embriagado em uma festa e tem falas machistas viralizarem no Twitter. Nos registros, ele afirma que vai "comer mais de 20" mulheres da festa e que o local só tinha "rapariga boa". A celebração, que ocorreu no sábado (5/3), foi tão intensa que o político teve que ser carregado por amigos na hora de deixar o local.
Em vídeos feitos pelos presentes na festa, é possível ver uma grande aglomeração de pessoas e a falta de uso de máscaras de proteção contra a covid-19 — inclusive do próprio prefeito. Valmir sobe no palco e, ao pegar o microfone, começa a apontar para mulheres e dizer os dias em que "comeria" cada uma delas.
"Aquela eu vou comer segunda. Eu vou comer aquela, aquela também. Pelo que eu já conferi aqui, eu vou comer mais de 20, porque eu nunca vi tanta mulher bonita", disse. Em outro momento, ele anuncia que ficará na festa "até o dia amanhecer".
"Eu vou amanhecer o dia aqui hoje. Posso não comer nenhuma, mas pense num lugar que tem rapariga boa”, declarou. O prefeito chegou a ficar sem camisa no palco. Ao som da música “Tira a camisa”, o prefeito se despiu e rodou a peça de roupa que estava enquanto dançava.
A atitude do prefeito foi reprovada pelos usuários. "É uma vergonha. Comportamento reprovável para qualquer homem, ainda mais um homem público. Medidas precisam ser tomadas. É a demonstração do que de pior temos por aqui. Machismo e misoginia", apontou um usuário.
“Vocês viram a última do prefeito de Itaituba? Misoginia, machismo e falta de decoro resumem”, comentou outro perfil. “Como é que pode ter gente desprezível como esse prefeito de Itaituba? É o símbolo do privilégio branco, velho imbecial! ó abre a boca pra falar merda e a justiça não faz porra nenhuma”, declara chateado um morador do Pará.
O episódio também desagradou a deputada estadual Marinor Brito (PSol), que repudiou as ações de Valmir. “Inaceitáveis as declarações machistas do prefeito de Itaituba, Valmir Climaco, que repercutiram nas redes sociais ontem (5), falando que uma festa estaria cheia de “raparigas boas”. Não podemos permitir que comportamentos como esse continuem. Basta de machismo e misoginia!”, disse.
O Correio pediu um posicionamento do prefeito Valmir, em contato com a assessoria da Prefeitura de Itaituba, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria. O espaço continua aberto para eventuais manifestações.
Garimpo ilegal, drogas e flagras embriagado: o histórico de Valmir Climaco
Essa não é a primeira vez em que o prefeito de Itaituba se envolve em episódios, no mínimo, polêmicos. Logo após ganhar a reeleição, em 2020, imagens de Valmir com uma bebida na mão, aparentemente embriagado e sem camisa viralizaram nas redes sociais.
Os registros foram vazados horas após ele ir até a rede social pedir que os eleitores que o apoiavam comemorarem “com cautela, com muita calma”. Na época, os moradores de todo o estado estavam restringidos a causarem aglomerações e obrigados a usar máscaras em ambiente público, por meio de determinação do Tribunal Regional Eleitoral do Pará.
Não é só a imagem pública de Valmir que foi comprometida com os atos dele. Em 2019, o prefeito estreou a ficha criminal: ele foi condenado pela Justiça Federal em Santarém (PA) a quatro anos e nove meses de detenção por crime ambiental praticado no município de Altamira, sudeste do estado. O pedido de condenação foi feito pelo Ministério Público Federal pelo crime de desmatamento ilegal.
No mesmo ano, em junho, Climaco disse que receberia funcionário da Fundação Nacional do índio (Funai) à balas, caso entrassem em uma de suas fazendas para analisar se havia sobreposição com terra indígena.
Meses depois, a Polícia Federal apreendeu 583 quilos de cocaína dentro de uma fazenda de Valmir. Também foram apreendidos dois fuzis, uma pistola, munições e uma luneta de precisão para uso do fuzil. Ele negou ser dono da droga e dos equipamentos e alegou que a propriedade teria sido invadida.