Dois decretos serão assinados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no Dia Internacional Mulher, nesta terça-feira (8/3), quando o governo lançará iniciativas voltadas ao público feminino. O primeiro decreto institui o Programa Mães do Brasil e o segundo abrange a Estratégia Nacional de Empreendedorismo Feminino (Brasil para ELAS e o Comitê de Empreendedorismo Feminino).
A iniciativa Mães do Brasil parte do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) e visa promover a proteção integral à gestante e à maternidade. A proposta é articular e desenvolver políticas públicas voltadas à promoção da dignidade da mulher enquanto mãe.
Por iniciativa da Economia, Estratégia e Comitê tem como objetivo criar um plano de desenvolvimento e estímulo ao empreendedorismo feminino a partir de ações, como a ampliação de oferta de crédito.
Além das iniciativas principais das pastas, durante o evento serão apresentados os números da Operação Resguardo II, do Ministério da Justiça, a nova Rede de Atenção Materna e Infantil (Rami) do SUS, a terceira edição do Prêmio Mulheres Inovadoras e o chamamento público Futuras Cientistas, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTIC).
Políticas urgentes
Entre empreendedoras, é unânime a constatação de que políticas públicas voltadas para mulheres empresárias são essenciais. “Crédito me ajudaria no meu negócio, se os juros forem baixos e se eu fosse aprovada. Essas políticas têm que ser voltadas para mulheres e mães com diferentes realidades”, afirma A microempreendedora Isadora Valença Dias, 27 anos, de Sobradinho, que é dona de uma loja de bijouterias. Como lembrança de um dos momentos mais difíceis da vida, ela decidiu dar ao empreendimento o nome de um dos prédios da Papuda, onde o companheiro ficou preso enquanto ela estava grávida. “Eu sempre fui autônoma, com culinária, fotografia, venda de brigadeiro. Sempre fui empreendedora e, quando engravidei, transformei minha ideia em realidade."
Já a empreendedora americana Katie Pierozzi, 41 anos, co-fundadora de empresa de tecnologia em São Paulo, é mãe de três filhos e avalia que essas políticas deveriam ser pensadas o ano todo. “O governo escolhe um dia para alavancar algo que precisamos que seja pensado no dia a dia”, alerta. Ela conta que, durante a pandemia, toda a responsabilidade da casa ficou para ela, enquanto o marido, que é consultor de uma empresa, se dedicou à carreira.
A esteticista Giulia Garducci, 26 anos, de Tatuí, no interior de São Paulo, planeja ser mãe solo, mas sabe que terá de enfrentar obstáculos para realizar o sonho. “Quando decidimos sermos empreendedoras, a sociedade decide que você não será mãe. Independentemente do que o governo esteja assinando amanhã, há outras barreiras, como vaga em creche”, explica. “Eu serei mãe, mas questiono onde deixarei meu filho enquanto administro minha empresa”, finaliza.