Eleições

Eduardo Leite dá pistas sobre direcionamento de possível campanha à Presidência

Ao anunciar a saída do governo do Rio Grande do Sul, tucano deixa evidente que pretende dialogar diretamente com os jovens e enxerga na diversidade brasileira uma solução

Tainá Andrade
postado em 28/03/2022 18:35 / atualizado em 28/03/2022 18:36
 (crédito: Gustavo Mansur/Governo RS    )
(crédito: Gustavo Mansur/Governo RS )

Sem deixar claro se será pré-candidato pelo PSDB ao Palácio do Planalto no lugar do governador de São Paulo, João Doria, Eduardo Leite (RS) anunciou sua saída do governo do Rio Grande do Sul, nesta segunda-feira (28/3) em coletiva com ares de lançamento de pré-campanha.

Um vídeo exibido no início do evento, ocorrido no Palácio Piratini, em Porto Alegre, dá pistas sobre o teor do que poderia ser o direcionamento da campanha eleitoral de Leite em 2022. Trazendo a pouca idade como trunfo — já que iniciou a carreira política e conquistou seu espaço na política com uma média de idade menor que a maioria dos nomes conhecidos de hoje —, Leite, de 37 anos, direcionou a sua fala à juventude.

“Eu sou jovem e não abro mão de sonhar. Vão dizer que é mais um sonho impossível, mas é com os jovens que o impossível se torna possível”, frisou em um trecho do vídeo. “Por isso, nas próximas semanas, eu vou viajar pelo Brasil convocando os jovens a se engajarem na política pelo voto, para transformarem a política e o futuro, para transformarem o Brasil. Mais do que nunca a gente precisa dos jovens para construir uma alternativa, algo de diferente para o Brasil. Nós precisamos que levem para a urna, para o seu país, para o nosso país, a energia, a paixão, o amor pelo futuro”, completou.

Em outro momento, Leite lembrou que é agente transformador da agenda mundial é a mudança transgeracional na política. Citou, inclusive, o líder francês, Emmanuel Macron, com o qual Bolsonaro trocou farpas publicamente em 2019. Leite afirmou que é com esse olhar que ele e o PSDB querem gerir o país.

Aposta na diversidade

Outro ponto de destaque da gravação foi a aposta na diversidade. Leite se enquadra na temática, pois se posicionou sobre a sua sexualidade, assumindo ser gay, outro ponto pessoal que usou como carta positiva. Sem falar de si, se colocou como “inconformado” por atribuírem à diversidade um problema, quando, em sua opinião, é a “solução”.

“Nós somos mais fortes porque somos diversos, somos mais criativos por essa diversidade: negros, brancos, índios, homens, mulheres, LGBTQIA+, jovens e idosos, tantas e diferentes religiões e crenças. Nós precisamos nos colocar enquanto povo, não um contra os outros, mas todos contra os verdadeiros problemas: a pobreza e o imenso abismo social. Estes, sim, que não podem continuar a nos dividir”, disse.

Polarização

Na conclusão do vídeo e durante toda a coletiva, Leite afirmou que, para mudar o cenário de polarização estabelecido no país, não se pode “desperdiçar votos”. Ao citar as falas de Bolsonaro sobre a “luta não ser da direita contra a esquerda, mas do bem contra o mal”, em evento do Partido Liberal (PL), no domingo passado (27), Leite disse que o Brasil não precisa de um candidato que declare guerra interna no país.

“É tudo que não precisamos. A solução para o nosso país, que passou por décadas de crise econômica, de desemprego em alta, de inflação, não está em procurar os culpados, mas em oferecer soluções para recuperar o Brasil. Mais ataque aos problemas, menos ataque às pessoas”, ressaltou.

Novos atores

De acordo com o governador gaúcho, há um alinhamento entre MDB, União Brasil e a federação PSDB-Cidadania. A partir da definição desses atores, pontuou, será lançada uma candidatura. Ele indicou, na entrevista, que há um grupo que acredita em Leite como líder desse projeto, ou seja, de uma terceira via para a polarização. Porém, o governador do Rio Grande do Sul declarou não se opor a participar do processo eleitoral nos bastidores.

“Eu não coloquei o meu projeto pessoal. É atender meus sonhos, minha vontade de mudar o mundo. Não teria problema de estar nos bastidores, mas muita gente confia que eu possa estar na liderança. Temos um que representa o passado, outro que representa o presente, falta alguém que fale de futuro”, esclareceu em tom de indefinição.

A partir do anúncio, o gaúcho pretende focar em construir uma agenda de convergência para um projeto de política nacional.

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