Com o bloqueio do Telegram, os pré-candidatos à Presidência acabaram perdendo seguidores. A rede social foi, durante os últimos meses, adotada pelos grandes políticos por não conter nenhuma regra de restrição aplicada em outras plataformas, facilitando a disposição de notícias para apoiadores.
Um dos primeiros membros da ala política do Telegram, o presidente Jair Bolsonaro (PL) perdeu mais de 1 milhão de seguidores com o bloqueio. Na página do chefe do Executivo federal, apoiadores podiam acompanhar notícias do governo.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve enfrentar Bolsonaro nas eleições presidenciais deste ano, também foi prejudicado. O petista perdeu mais de 48 mil seguidores e utilizava a plataforma para divulgar uma possível campanha presidencial.
O político Ciro Gomes (PDT) perdeu 19 mil seguidores e o ex-juiz da Lava-Jato Sergio Moro (Podemos) acabou sem 5 mil apoiadores.
A política no Telegram
A migração da política para o Telegram aconteceu depois que o movimento de direita para boicote do Facebook, Instagram e Twitter começou a circular. As redes vêm marcando ou suspendendo mensagens negacionistas durante a pandemia de COVID-19, apagando fake news e alertando sobre discursos extremistas.
A ida dos políticos para o aplicativo aconteceu depois que o Twitter apagou a conta do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A ação foi feita quando ele usou a rede social para incitar a invasão ao Capitólio, sede do Legislativo norte-americano.
O Whatsapp, que durante as eleições foi usado como trunfo para a campanha de Bolsonaro, é administrado por Mark Zuckerberg, mesmo "dono" do Facebook e Instagram.
Com a entrada dos nomes da direita no aplicativo, os outros políticos também adotaram a plataforma.
Bloqueio
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, nesta sexta-feira (18/03), que o aplicativo de mensagens Telegram seja bloqueado em todo Brasil.
A decisão do magistrado ocorreu após tentativas de contato do Judiciário brasileiro com a empresa dona do aplicativo.
O Telegram não possui escritório em território nacional, e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) enviou uma série de ofícios solicitando reuniões com representantes da empresa para tratar sobre o combate a fake news.
O ministro fixou multa de R$ 500 mil em caso de descumprimento. "Por fim, a multa diária fixada em decisão anterior será majorada em R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), a partir da intimação da empresa Telegram", diz o documento.
Moraes ainda decidiu que pessoas físicas ou jurídicas que tentarem violar as regras poderão ser multadas em até R$ 100 mil.
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