Reconhecido pelo ministro da Justiça, Anderson Torres, como uma pessoa que se destaca por criar ou impulsionar trabalhos de proteção e promoção dos povos indígenas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) já desejou que os índios brasileiros tivessem sido dizimados. A fala, proferida em 1998 enquanto o mandatário ainda era deputado federal pelo PPB (atual PP), contrasta com a legitimidade da condecoração da medalha do mérito indigenista concedida a Bolsonaro nesta quarta-feira (16/3).
Durante um pronunciamento no plenário da Câmara dos Deputados em 15 de abril de 1998. Bolsonaro criticou a política de demarcação de terras indígenas na Amazônia e chamou de “incompetente” a cavalaria brasileira por não fazer o mesmo que as tropas norte-americanas, “que dizimou seus índios no passado”.
“A cavalaria brasileira foi muito incompetente. Competente, sim, foi a cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema em seu país”, declarou. A opinião do político foi registrada e publicada no Diário Oficial da Câmara no dia seguinte ao momento.
Depois de proferir a fala racista contra os povos indígenas, o então deputado Bolsonaro tentou ponderar a opinião e disse que não “prega” que o mesmo seja feito. “Se bem que não prego que façam a mesma coisa com o índio brasileiro; recomendo apenas o que foi idealizado há alguns anos, que seja demarcar reservas indígenas em tamanho compatível com a população”, acrescentou.
A fala chegou a repercutir em 2018 e muitos apoiadores do então presidenciável Bolsonaro duvidaram da veracidade da declaração. No entanto, a informação foi confirmada, na época, pela Agência Lupa, de verificação de fake news.
É possível ler o discurso completo, e também verificar a edição daquele dia do Diário Oficial da Câmara dos Deputados, aqui. A declaração de Bolsonaro está na página 33, do PDF, no segundo parágrafo da coluna da direita.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) afirmou que vai contestar a condecoração de Bolsonaro na Justiça.
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