O prefeito Alexandre Kalil (PSD) criticou, nesta terça-feira (15/3), a administração da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) após reclamações da população referentes ao rodízio de abastecimento de água.
Segundo o chefe do Executivo municipal, o poder privado lucrou R$ 500 milhões quando poderiam ter feito investimentos na empresa. As declarações foram feitas em uma visita ao Centro de Saúde Ventosa, no bairro Jardim América, Região Oeste de Belo Horizonte.
Segundo o prefeito, a companhia deve explicações sobre os lucros e a distribuição. “Saquearam a Copasa, bateram a carteira da Copasa. Se me explicar como distribuiu R$ 1 bilhão para empresário, eu estou satisfeito. Desses R$ 1 bi, R$ 500 milhões vai para a iniciativa privada. Então o problema da Copasa é simples: bateram a carteira da Copasa, assaltaram a Copasa”, afirmou.
Ele continuou: “O que vem de incompetência, inoperância e mais: assaltaram a Copasa, o poder privado botou a mão em R$ 500 milhões de bonificação em vez de investir na Copasa. Se me explicarem como pungaram a Copasa e por quê, pra mim me basta. É só me explicar como bateram a carteira da Copasa, sacaram R$ 1 bi e a população da Região Metropolitana tá pagando por isso.”
Por fim, sem citar nome, Kalil ainda reclamou das respostas às suas críticas feitas por um dos gestores da empresa. “‘Não teve planejamento’, todo mundo sabe. ‘Não sabe fazer’, todo mundo sabe. Outro dia eu falei que eles estão cobrando taxa de esgoto pra quem não tem esgoto, o presidente da agência reguladora da Copasa saiu pra cima de mim, um garotinho”, disse.
A reportagem do Estado de Minas tentou contato com a Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG), mas até o momento não obteve resposta.
Rodízio
Desde o rompimento da adutora do Sistema Serra Azul, na travessia do rio Paraopeba, no dia 1º de março, Belo Horizonte e outras nove cidades da Região Metropolitana enfrentam problemas no abastecimento de água. Por isso, a companhia anunciou o esquema de rodízio de abastecimento de água em quatro áreas estratégicas da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
As manobras começaram no último dia 8 e estão ocorrendo às 22h e desfeitas no dia seguinte, também às 22h, ou seja, a área afetada fica desabastecida por 24 horas. Dessa maneira, a Copasa garante que nenhum bairro ficará sem água por mais de um dia, como vinha acontecendo nos últimos dias devido à baixa pressão da água.
O rodízio é feito por grupos nas cidades de BH, Betim, Contagem, Ribeirão das Neves e Santa Luzia, com abastecimento por três dias a cada quatro dias, ou seja, um dia sem abastecimento. A Copasa informou que pretende tomar essa medida até 20 de março, até que a estrutura temporária da adutora que se rompeu seja construída no Sistema Serra Azul para normalizar o abastecimento.
O anúncio foi feito pelo diretor-presidente da Copasa, Carlos Eduardo Castro, que explicou que, apesar das diversas ações realizadas pela empresa desde 1º de março, data em que a adutora se rompeu na travessia do Rio Paraopeba, o déficit de 15% da produção tem dificultado que a água chegue em partes da região metropolitana mais altas e distantes do reservatório.
O incidente, segundo o diretor-presidente, foi causado por um incêndio que atingiu a estrutura que sustentava a adutora. “Neste momento, temos que ser muito claros e transparentes com a sociedade. Tivemos um evento do qual não tínhamos controle e estamos tomando todas as medidas, e a adoção desse rodízio, por mais que não seja uma medida das mais simpáticas, é necessária para que todos tenham o abastecimento regular”, explicou Castro.
Visita
As declarações do prefeito foram feitas em sua visita ao Centro de Saúde Ventosa, no bairro Jardim América, Região Oeste de Belo Horizonte, que foi inaugurado no dia 7 de março. Segundo Kalil, a prefeitura já entregou 33 unidades de Centros de Saúde e a previsão é de que até outubro deste ano, o número suba para 40.
O Centro de Saúde Ventosa deve atender cerca de 24,5 mil usuários dos bairros Ventosa, Jardim América, Havaí, Nova Granada, Barão Homem de Melo, Salgado Filho, Vila Havaí, Estoril, Adelina e Nova Suiça.
Resposta da Copasa
Em resposta às declarações do prefeiro Alexandre Kalil, a Copasa emitiu a seguinte nota:
1) De 2019 a 2021, os primeiros três anos da atual gestão, a Copasa investiu mais de R$ 1,9 bilhão em obras para fazer frente aos desafios impostos pela forma como a Companhia foi gerida na gestão anterior, em função de compromissos assumidos e não cumpridos junto aos municípios.
2) Entre 2015 e 2017, os três primeiros anos da gestão passada, que era alinhada com a atual prefeitura, foram investidos cerca de 25% a menos do que na gestão do governo Zema.
3) Em 2015, primeiro ano da gestão passada, a Copasa teve prejuízo de R$ 11,6 milhões e ainda assim distribuiu R$ 8 milhões em dividendos para acionistas. Nunca houve questionamento sobre tal informação.
4) Até dezembro de 2022, a Copasa terá investido mais de R$ 3,3 bilhões, valor 50% a mais do que no governo passado;
5) Em uma companhia de capital aberto como a Copasa, com ações negociadas na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, quando bem administrada, a distribuição de lucros é uma rotina. Empresas sólidas econômicas e financeiramente como a Copasa buscam a máxima eficiência, para gerar o maior resultado para fazer frente a seus compromissos contratuais e remunerar seus acionistas, que confiam na empresa.
6) Ao longo da gestão passada, entre 2015 e 2018, a Copasa distribui mais de R$ 950 milhões em lucros, dado também nunca questionado à época.
7) A queda da adutora que hoje traz reflexo no abastecimento de Belo Horizonte e região metropolitana não tem qualquer relação com distribuição de dividendos. O rompimento da adutora no Sistema Serra Azul, na travessia sobre o rio Paraopeba, foi causado por um incêndio, uma fatalidade cuja empresa não poderia prever, provocada por terceiros.
8) A atual administração da Copasa tem buscado dar solução de forma ágil e eficiente aos desafios operacionais existentes, que não são poucos, notadamente para regularizar obrigações assumidas e não cumpridas pela gestão anterior.
9) Por fim, a Copasa destaca ainda que os investimentos para os próximos quatro anos já estão garantidos e aprovados pelo Conselho de Administração. Serão R$ 7,415 bilhões de 2022 a 2026, o maior volume de investimentos em sua história. Esse volume de recursos visa cumprir os compromissos com os municípios e atender os cidadãos.
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