O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta sexta-feira (11/3) da cerimônia de lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes. O objetivo, segundo apontou a ministra Tereza Cristina, não é a autossuficiência, mas a redução da importação dos insumos. Sob o risco de escassez de fertilizantes no país, em meio a sanções contra Rússia e Belarus, maiores fornecedores do insumo para o Brasil, o cenário continuava incerto no início do mês.
Segundo informou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) servirá de referência para o planejamento do setor de fertilizantes nos próximos 28 anos (até 2050), promovendo o desenvolvimento do agronegócio nacional e considerando a complexidade do setor, com foco nos principais elos da cadeia: indústria tradicional, produtores rurais, cadeias emergentes, novas tecnologias, uso de insumos minerais, inovação e sustentabilidade ambiental.
O decreto também institui o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas, órgão consultivo e deliberativo que coordena e acompanha a implementação do Plano Nacional de Fertilizantes.
Ainda segundo o Mapa, o Brasil ocupa a 4ª posição mundial com cerca de 8% do consumo global de fertilizantes, sendo o potássio o principal nutriente utilizado pelos produtores nacionais (38%). Na sequência, aparecem o fósforo com 33% do consumo total de fertilizantes, e o nitrogênio, com 29%. Juntos, formam a sigla NPK, tão utilizada no meio rural. Dentre as culturas que mais demandam o uso de fertilizantes estão a soja, o milho e a cana-de-açúcar, somando mais de 73% do consumo nacional.
Segundo dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos, mais de 85% dos fertilizantes utilizados no país são importados, evidenciando um elevado nível de dependência de importações em um mercado dominado por poucos fornecedores. Essa dependência crescente deixa a economia brasileira vulnerável às oscilações do mercado internacional de fertilizantes, completou.
O PNF buscará readequar o equilíbrio entre a produção nacional e a importação ao atender sua crescente demanda por produtos e tecnologias de fertilizantes. Pretende-se diminuir a dependência de importações, em 2050, de 85% para 45%, mesmo que dobre a demanda por fertilizantes.
A ministra Tereza Cristina explicou que não se trata de o país alcançar a autossuficiência, mas sim de se ter autonomia, com um percentual reduzido de dependência externa para o fornecimento dos fertilizantes ao produtor.
"Não estamos buscando a autossuficiência, mas sim, a capacidade de superar desafios e manter nossa maior riqueza, o agronegócio, pujante e competitivo, que faz a segurança alimentar do brasil e do mundo. Nossa demanda por nutrientes para as plantas é proporcional à grandeza de nossa agricultura. Mas teremos nossa dependência externa bastante reduzida", disse, reforçando que o Plano não é apenas para reagir a uma crise, mas para tratar de um problema estrutural, de longo prazo.
No próximo dia 12, a ministra viaja ao Canadá para tratar do tema, após ter visitado o Irã recentemente, e a Rússia, no ano passado. A ministra ressaltou ainda que o “Brasil é uma potência agroambiental mineral” e caracterizou a medida como um “plano de Estado”.
Segundo a ministra, “não estamos apenas reagindo a uma crise, estamos tratando de um assunto estrutural de longo prazo. (..) Tenho confiança no sucesso desse plano. Tenho bons motivos para acreditar nisso. Sua elaboração contou com a colaboração intensa dos melhores técnicos dos ministérios, economia, MME, Meio Ambiente, SAJ”.
“Temos convicção que nossos recursos já mapeados podem ser explorados de maneira sustentável e que, em 2050, data que definimos como data final para conclusão do plano, teremos nossa dependência externa bastante reduzida. Repetindo, não estamos visando a autossuficiência", emendou.
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