Os recentes resultados das pesquisas eleitorais para a corrida presidencial, nas quais o presidente Jair Bolsonaro (PL) vem tirando, gradativamente, a diferença para a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), confirmam o começo do afunilamento da disputa. Mesmo porque, a depender do desempenho dos outros nomes postos na corrida ao Palácio do Planalto, começarão as pressões para que se retirem da corrida e avaliem coligações competitivas. Nessa seara, os nomes de Sergio Moro (Podemos), João Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) são os que mais estão na vitrine.
Para o cientista político André Pereira César, as candidaturas de Bolsonaro e Lula estão consolidadas, sobretudo pela liderança nas pesquisas. Mas ele enxerga que, no pelotão de trás, começa a se formar uma disputa interessante e que promete fortes emoções eleitorais: a da terceira via.
César observa esse espectro político como dividido em dois blocos. O primeiro tem Moro e Ciro disputando os votos entre si. Os dois se apresentam com um discurso anti-Bolsonaro, anti-Lula e anticorrupção que agrada ao eleitor em busca de uma opção à polarização que se apresenta até agora. Mas os pontos de contato terminam aí. O pré-candidato do PDT é feroz crítico do ex-juiz da Lava-Jato, a quem acusa de ter rasgado a Constituição e o Direito Penal nas decisões que tomou à frente da operação.
O segundo bloco, na visão de César, é composto por pré-candidatos que, para ele, devem naufragar por falta de musculatura. "Vejo, no máximo, quatro candidaturas minimamente competitivas: Lula, Bolsonaro, Ciro e um representante de uma união em torno de Moro, (Simone) Tebet ou (João) Doria", avalia.
Pouco espaço
Professor da Fundação Getúlio Vargas e cientista político, Sérgio Praça também vê margem mínima para mudanças no panorama da corrida presidencial até outubro. "Acho que tem espaço para Lula, Moro, Bolsonaro, Ciro e, talvez, mais uma candidatura da centro-direita ou de direita", aponta.
Ele destaca que não vê capacidade de avançar nas campanhas do tucano Doria e de Ciro. "Eu os descartaria. Falando de potencial de crescimento, acho que o Eduardo Leite (governador gaúcho que, cogita-se, pode trocar o PSDB pelo PSD para disputar o Planalto) teria. O Moro, também".
Praça não vê a decolagem de Ciro, porque, no ambiente da esquerda, Lula é hegemônico. "Acho difícil surgir uma alternativa nesse campo", prevê.
No caso de Leite, o professor da FGV avalia que o governador entra na disputa com um objetivo fundamental: tornar-se conhecido do eleitor de Norte a Sul. "Não precisa entrar para ganhar agora. Ele se beneficiaria apenas se mostrando como candidato, como alternativa, para se fazer conhecido. Já que não quer se reeleger governador, a melhor opção parece ser tornar-se candidato pelo PSD mesmo", diz. O partido de Gilberto Kassab, porém, tem o senador Rodrigo Pacheco (MG) como o nome colocado para a disputa ao Planalto, e Leite só será alternativa se o parlamentar desistisse do projeto.
O professor ainda destaca que Moro, Doria e Leite como candidatos congestionaria o estrato político pelo qual se apresentam. "São do mesmo campo ideológico, são três alternativas de centro-direita a Bolsonaro e Lula. Não tem por que todos serem lançados", observa.
*Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi
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